Alckmin diz que vai reavaliar sigilo de 25 anos sobre transportes metropolitanos

monotrilho

Os projetos de monotrilho, obras que registram atrasos e podem ter o preço mais que dobrado, foram alguns dos dados classificados como ultrassecretos pelo governo do estado de São Paulo.

Documentos com dados como andamento de obras de metrô e monotrilho e falhas operacionais foram classificados como ultrassecretos

ADAMO BAZANI

Após a repercussão negativa pela revelação de que o governo do estado impede o acesso a dados sobre atrasos nas obras de metrô e monotrilho, falhas no metrô e de operações dos sistemas metroferroviários e de ônibus intermunicipais gerenciados pela EMTU, Geraldo Alckmin prometeu reavaliar as classificações “ultrassecreto”, “secreto” e “reservado” nos documentos.

“Olha, isso foi feito não pelo governador. Isso foi feito na Secretaria dos Transportes e eu já determinei que seja feita uma reavaliação … Se não houver nenhum risco para usuários do Metrô, nenhum problema outro, vai ser tudo liberado. Então nós já determinamos que seja feita uma reavaliação.” – disse Alckmin.

Dependendo da classificação dos documentos, o contribuinte só pode conseguir informações depois de 25 anos da elaboração do relatório solicitado. Isso vale para 157 documentos, com milhares de páginas cada um.

Entre estes documentos estão relatórios de panes que duraram mais de seis minutos cada no metrô, os projetos básico e executivo da linha 15 Prata do monotrilho, da zona Leste, e os relatórios de medição do monotrilho da linha 17 Ouro, de Congonhas. Todas estas obras sofrem grandes atrasos e vão custar ao cidadão bem mais caro que o anunciado.

A linha 17 ouro do monotrilho deveria ter 17,7 quilômetros de extensão, com 18 estações entre Jabaquara, Aeroporto de Congonhas e região do Estádio do Morumbi ao custo de R$ 3,9 bilhões com previsão de entrega total em 2012. Hoje, o orçamento está 41% mais caro somando R$ 5,5 bilhões e a previsão para a entrega de 8 estações até 2017. O monotrilho, se ficar pronto, não deve num primeiro momento servir as regiões mais periféricas.  Assim, os trechos entre Jabaquara e a Aeroporto de Congonhas e entre depois da Marginal do Rio Pinheiros até a região do Estádio São Paulo-Morumbi, passando por Paraisópolis, estão com as obras congeladas. Com este congelamento, não haverá as conexões prometidas com a linha 4 Amarela do Metrô na futura estação São Paulo – Morumbi, e nem com estação Jabaquara e da Linha 1 Azul do Metrô e Terminal Metropolitano de Ônibus e Trólebus Jabaquara, do Corredor ABD.

A linha 15 Prata deveria ter 26,7 quilômetros de extensão, 18 estações entre Ipiranga e Hospital Cidade Tiradentes ao custo R$ 3,5 bilhões com previsão de entrega total em 2012. Agora, o orçamento está 105% mais alto, com o valor de R$ 7,2 bilhões. A previsão de 9 estações agora é para 2018. Está congelado o trecho entre Hospital Cidade Tiradentes e Iguatemi e Vila Prudente-Ipiranga.

A linha 18 Bronze deveria ter 15,7 quilômetros de extensão, com 13 estações entre a região do Alvarenga, em São Bernardo do Campo, até a estação Tamanduateí, na Capital Paulista ao custo de R$ 4,5 bilhões com previsão de entrega total em 2015. Agora, o orçamento está 14% mais caro, chegando a R$ 4,8 bilhões, sem previsão de entrega. Como as obras não começaram, especialistas defendem outro meio de transporte para a ligação, como um corredor de ônibus BRT, que pode ser até 10 vezes mais barato com capacidade de demanda semelhante.

Quando um documento é classificado como ultrassecreto, o sigilo é de 25 anos. Para documentos secretos, o governo pode se omitir a dar informações por 10 anos e, no caso de documentos reservados, o prazo é de cinco anos.

A Lei de Acesso à Informação, em esfera federal, determina sigilos para casos de segurança nacional, estratégias militares e para desenvolvimento bélico.

Menos de quatro meses depois de ser reeleito em 2014, Alckmin regulamentou a lei para o plano estadual, e os transportes foram incluídos. Na ocasião ainda estavam em curso investigações sobre possíveis cartéis para serviços de manutenção e fornecimento de equipamentos no Metrô e CPTM.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Não é questão de “reavaliar”, mas sim simplesmente não aceitar que este tipo de documento fique secreto.

    O único motivo de um documento ser secreto é se realmente for algo que ameace a vida de alguém. Ponto. Estamos falando de projetos públicos, de construções que lidarão com milhões de pessoas. E deixa-los expostos, abertos, pode inclusive deixar que outras pessoas avaliem, e em caso de erros, sejam expostos tais erros e corrigidos.

    Informações públicas não podem ser elitizadas, tem que ficarem públicas. Ponto.

  2. Maurício disse:

    Não conhece limite a desfaçatez e a arbitrariedade perpetrada pelo senhor governador geraldo alckmin. Absolutamente inconstitucional tal medida; já que obviamente não se trata de nenhum caso que justifique o sigilo. É realmente lamentável- e notório- que o Ministério Público paulista e o judiciário funcionem como apêndice do executivo estadual. A impunidade e a cara-de-pau do anestesista de Pindamonhangaba o acompanharão até o fim de sua vida.

  3. Paulo Gil disse:

    Amigos, boa noite.

    Vale comparar um resumo entre o que foi dito no post anterior sobre o tema e o que foi dito neste post.

    No post anterior:

    “O governo Alckmin diz que medida é para evitar que os dados cheguem a pessoas “mal intencionadas” ou “inabilitadas” e que muitos destes documentos possuem informações técnicas que expõem a segurança dos passageiros, sistemas de operação e a vida pessoal de usuários.”

    Neste post:

    ““Olha, isso foi feito não pelo governador. Isso foi feito na Secretaria dos Transportes e eu já determinei que seja feita uma reavaliação … Se não houver nenhum risco para usuários do Metrô, nenhum problema outro, vai ser tudo liberado. Então nós já determinamos que seja feita uma reavaliação.” – disse Alckmin.”

    Assim, só nos resta uma pergunta:

    E foi feito por quem ???

    Por pessoas mal intencionados ou pessoas Inabilitadas ?????

    ????????????????????????????????????????????????????????

    Att,

    Paulo Gil

  4. Cade os cementários fervorosos aqui metendo o pau?O cara com 20 anos no poder e o povo baixa a cabeça e aceita tudo?O prefeito com apenas um mandato e metem o pau no outro post?Saibam que ser do PT não significa que a incompetência seja e mesma do governo federal,e esse Alckmin e um pilantra e safado que faz a população de trouxa que reelege ele,triste.

  5. neblinasp disse:

    20 anos de um só partido no Estado para chegarmos nesta situação, a indignação só é direcionada ao Pt, o Psdb faz o que quiser e não observo críticas pesadas nem por parte da maioria do povo, nem da mídia, pouca repercussão pelo tamanho do absurdo, querer esconder sua própria sujeira, se fosse o Haddad ou a Dilma, estariam sendo linchados. >:(

  6. Júlio disse:

    A verdade é que a imprensa passa a mão na cabeça do PSDB e vai para cima do PT com todas as suas forças. A imprensa e o PSDB são duas facetas da mesma moeda. De vez em quando soltam algumas matérias críticas aos tucanos só para disfarçar a parcialidade, mas logo as notícias somem dos jornais. Já quando a coisa é petista é capa todos os dias.

    Mas o pior é que há tanta gente alienada quem não percebe, ou talvez não queira perceber…

  7. J disse:

    PT E AFINS E PSDB E AFINS…EM TERMOS DE ROUBALHEIRAS E SUPERFATURAMENTOS …TUDO A MESMA MERDA! OU MUI INCOMPETENTES OU MUI “ESPERTALHÕES”…!

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