Semana da Mobilidade: Tatto diz que “ônibus está sobrecarregado” e critica monotrilho

Tatto Adamo

Tatto diz que há uma migração de passageiros dentro do próprio sistema de ônibus no evento Gabinete Aberto. Na foto da esquerda para a direita: André Monteiro (Folha de São Paulo), Gustavo Vidigal (secretário-adjunto de Relações Governamentais), Jilmar Tatto (Secretário de Transportes) e Adamo Bazani (Blog Ponto de Ônibus) – Foto: Prefeitura de São Paulo.

Sobre licitação, secretário de transportes afirmou que prefeitura recebeu duas mil sugestões. Sobre a frota, revelou que 22% dos passageiros com a opção de ônibus com ar condicionado fazem questão de esperar o veículo com o equipamento, sempre que possível. Tatto também diz que há uma migração de passageiros do subsistema local para o estrutural

ADAMO BAZANI

O secretário municipal de transportes, Jilmar Tatto (PT), fez duras críticas à política de mobilidade do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), principalmente em relação ao ritmo da expansão do metrô e à escolha do monotrilho como modal para ligar áreas populosas da capital e grande São Paulo a regiões mais próximas do centro da cidade.

“O ônibus está sobrecarregado. Só o ônibus não vai ser a solução para a cidade de São Paulo. Tem de investir em trilho … mas o metrô não vai para frente” – disse Jilmar Tatto durante o programa Gabinete Aberto, nesta segunda-feira, 21 de setembro de 2015, uma das atividades da Semana da Mobilidade.

Participaram do programa o secretário-adjunto de Relações Governamentais, Gustavo Vidigal, os jornalistas André Monteiro da Folha de S. Paulo, Adamo Bazani, do Blog Ponto de Ônibus, Rafael Calábria, do Cidade a Pé e Roberson  Miguel, do Biosbug.

Tatto disse acreditar que os atrasos para as obras dos monotrilhos na cidade de São Paulo, de responsabilidade do Metrô, podem ter mais relação com questões técnicas não solucionadas, como a forma de operação dos trens, do que com as obras civis.

“Monotrilho não é solução para estes pontos da cidade e há muito tempo se sabia disso. Mas dividiram a cidade [em três empresas] e escolheram um meio de transporte caro e que não tem capacidade de atendimento. … o monotrilho está com o valor quase igual do metrô, mas com capacidade bem menor” – complementou

O secretário citou como um dos exemplos a linha 15 Prata, o monotrilho da zona Leste, prevista inicialmente para ligar a região do Hospital Cidade Tiradentes ao Ipiranga.

Todas as três linhas de monotrilho estão com atrasos de mais de três anos em relação à previsão inicial de inauguração e com valores maiores que os estimados inicialmente.

A linha 15 Prata deveria ter 26,7 quilômetros de extensão, 18 estações entre Ipiranga e Hospital Cidade Tiradentes ao custo R$ 3,5 bilhões com previsão de entrega total em 2012. Agora, o orçamento está 105% mais alto, com o valor de R$ 7,2 bilhões. A previsão de 9 estações agora é para 2018.

A linha 17 Ouro deveria ter 17,7 quilômetros de extensão, com 18 estações entre Jabaquara, Aeroporto de Congonhas e região do Estádio do Morumbi ao custo de R$ 3,9 bilhões com previsão de entrega total em 2012. Hoje, o orçamento está 41% mais caro somando R$ 5,5 bilhões e a previsão para a entrega de 8 estações é final de 2016.

A linha 18 Bronze deveria ter 15,7 quilômetros de extensão, com 13 estações entre a região do Alvarenga, em São Bernardo do Campo, até a estação Tamanduateí, na Capital Paulista ao custo de R$ 4,5 bilhões com previsão de entrega total em 2015. Agora, o orçamento está 14% mais caro, chegando a R$ 4,8 bilhões, sem previsão de entrega. Como as obras não começaram, especialistas defendem um outro meio de transporte para a ligação.

LICITAÇÃO DOS TRANSPORTES DA CIDADE DE SÃO PAULO:

Segundo Tatto, o fato de o transporte sobre pneus estar sobrecarregado não significa que os ônibus tiveram a importância diminuída na cidade, mas que são necessárias interações maiores entre diferentes meios de transporte.

Segundo ele, o edital de licitação visa readequar o sistema da cidade para aumentar a capacidade dos ônibus e eficiência com viagens mais rápidas.

Tatto disse que a prefeitura recebeu mais de duas mil sugestões para o edital definitivo que deve ser publicado ainda neste mês.
Ele destacou que algumas mudanças devem ocorrer antes mesmo da conclusão da licitação.

Modelo para a criação de redes de linhas e serviços, a Rede de Ônibus da Madrugada, inspirou outras redes previstas no edital:

– Rede de Referência: Dias úteis e sábados

– Rede de Reforço: Com linhas que só vão operar nos horários de pico

– Rede de Domingos e Feriados: Com linhas e horários específicos para estes dias

– Rede da Madrugada: Já em vigor, hoje com 151 linhas que operam entre a meia noite e quatro da manhã.

A próxima a ser concretizada deve ser a Rede de Domingos e Feriados.

Sobre a frota, Tatto disse que além das exigências do edital, as próprias empresas devem se apressar para atender ao que usuário quer.

Ele citou o exemplo dos ônibus com ar-condicionado, exigência para os veículos novos que estão entrando no sistema.

Segundo Jilmar Tatto, 22% dos passageiros que podem escolher as linhas ou veículos, fazem questão de optar pelo ônibus com equipamento de refrigeração.

A respeito da frota limpa, Tatto disse que o edital deve prever apenas uma planilha de remuneração às empresas que optarem por modelos que não dependam de combustíveis fósseis.  Ele não disse se o edital vai ter um cronograma que estipule uma quantidade de ônibus não poluentes a ser colocada nas ruas de forma gradativa.

Uma equipe da SPTrans está na fábrica da empresa chinesa BYD, nos Estados Unidos, acertando os últimos detalhes de um ônibus elétrico a bateria articulado para ser testado transportando passageiros na cidade. Hoje a unidade em teste não atende aos padrões da SPTrans e circula com pesos simulando lotação de passageiros.

O secretário municipal de transportes disse ainda que numa época de crise, não haver uma redução significativa de passageiros nos ônibus da Capital é positivo. A prefeitura tem percebido uma migração dentro do próprio sistema de ônibus com pessoas saindo do subsistema local para o estrutural, ou seja, de linhas operadas por empresas que antes eram cooperativas, para linhas maiores, das viações.

Uma das explicações são as faixas de ônibus e a estruturação de algumas linhas de maior eficiência, as Golden Lines, como a que liga a região de Itaquera, na zona Leste, ao Parque Dom Pedro II, no centro, por faixas exclusivas e como ônibus maiores, como superarticulados

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes.

Comentários

Comentários

  1. Putz, eu queria ter ido…

    Parando para pensar, acabo concordando com o Tatto. Infelizmente, o Monotrilho acabou mostrando (e provando) a velha coisa que “no Brasil, obra demora e empaca, e apenas dá lucro a quem a faz…” – A quem defende a adoção de um monotrilho ligando São Paulo a Cotia, acho que isso é o “banho de água fria” que faltava.

    Claro que também entendo que também uma coisa não se faz do dia para a noite. Há estudos, há situações que acabam realmente prejudicando e não estavam (bem) calculados – caso das galerias bloqueadas pelas estruturas do monotrilho.

    Mas realmente, se estivesse em pleno funcionamento e com o serviço em prova, acho que saberíamos hoje se foi uma ótima escolha ou não a adoção de monotrilho como modal.

    Quanto aos serviços de ônibus, bom ver as mudanças e adoções de diferentes formas de rotas dependendo do período. Ponto positivo. Falta agora uma eficiência melhor – linhas dimensionadas para a área, adoção de sistemas de baldeação para agilizar o transporte, enfim… :)

    PS: Adamo, notei que você não se refere mais ao trabalho na CBN. Não está mais por lá? (não tenho acompanhado lá, perdão).

  2. Ele esta certo em criticar o metro o Alckmin teve 20 anos pra fazer as obras mesmo em tempo que não havia crisem,mesmo assim devagar e vergonhoso,o que faltou ai foi informações sobre as obras decorredores a verba destinada e o andamento.

    1. O ruim é uma falha dupla. Tanto do Governo do Estado (que se empolga e diz que a obra é boa, vai sair rapido e outros blá blás. =p ) quanto das empresas que fazem serviços de construção À serviço (geralmente são elas que enrolam ou fazem besteira com dinheiro público).

  3. J disse:

    MONOTRILHO É COISA ULTRAPASSADA DE PAÍS RICO!

  4. Paulo Gil disse:

    Amigos, boa noite.

    Apresento minhas desculpas, pois após enviar algumas questões o sinal da NET ficou ruim e depois caiu, nem pude assistir e saber se minhas perguntas foram lidas e respondidas.

    A ANATEL precisa tomar urgentes providências com relação ao sinal de Internet, esta ruim em várias operadoras (ou única sei lá).

    Com urgência a ANATEL tem de mudar a forma de cobrança do sinal da Internet,
    tem de passar a ser por sinal disponibilizado, deixou de mandar sinal 72 horas, paga-se 72 horas a menos.

    No meu caso é a NET.

    Não é só o buzão que anda com serviços não satisfatório ha uma enormidade de serviços que estão uma caca.

    Estelionato, furto, roubo, apropriação indébita e todos os demais artigos do CDC no que diz respeito aos serviços prestados ??????

    Será que o judiciário também terá de ser acionado para resolver esta questão administrativa de falta de sinal de Internet ???

    Há muiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiito tempo quem faz a gestão do Brasil é o Poder Judiciário.

    Será que o programa ficará a disposição na rede para que as pessoas que ficaram sem sinal, possam assistir a mesa redonda.

    ANATEL, conto com você, assim eu espero.

    Aproveitando, o sinal do rádio FM está horrivel, também

    “Trabalhar sim, TRIBUTAR NÃO”

    Att,

    Paulo Gil

  5. neblinasp disse:

    O Tatto é um secretário ruim mas sobre os trilhos ele tem razão, a médio e longo prazo só Cptm e Metrô resolvem os problemas de Sampa e região metropolitana, mas na gestão do Psdb, o que vemos é só atrasos e anúncios de novas estações sem sequer concluir as anteriores, puro marketing.
    Mas os ônibus e corredores o Haddad está DEVENDO, punir empresas por atraso TAMBÉM e as negociações sobre compra das garagens afim de facilitar a vinda de empresas de fora do Brasil? como anda? a prefeitura tem a grana para comprar esses terrenos?.
    Se continuarmos com esses mesmos grupos tomando conta dos ônibus em sp, vamos sempre ficar no atraso, aí seria interessante pensar na volta da CMTC.

    1. É algo difícil…

      Antes de tudo, não querendo defender o PSDB, mas podemos dizer que desde Mário Covas, CPTM e Metrô tiveram aumento de malha e melhor qualidade em boa parte das linhas. Claro que não se resolveu tudo, demorou demais para concluir obras (tal como o Monotrilho) e ainda há as suspeitas de desvio de recursos.

      Um dos maiores males do PSDB é o marketing e isso não discordo. O PSDB deveria ter aprendido mais nestes últimos anos que ficar só anunciando e colocando placa com data prevista de término apenas os prejudicam. Ser mais transparente e proativo, sempre avisando quando alguma construção vai ser paralisada e vai demorar para ser concluída (geralmente eles só fazem isso mediante pressão da imprensa), ajuda um pouco mais o cidadão.

      Quanto aos ônibus e as multas, concordo em partes. Só que cobrar as multas geraria um problema – renderia um rombo no pagamento de serviços dos ônibus. Com isso, empresas poderiam entrar em greve e criar um vácuo de serviço.

      Quanto a volta da CMTC, podemos dizer que a SPTrans já é um pouco de CMTC, só que diferente da empresa de transportes original, a SPTrans apenas gerencia as concessões.

      Uma empresa de ônibus pública só funcionaria com transparência de gestão plena e uma gestão extremamente eficiente. E isso é difícil em um país onde ainda há muito colegismo…

    2. Paulo Gil disse:

      Neblinasp, boa noite.

      Callllllllllllllllllllllllma, a CMTC está voltando, só que com outro nome.

      As garagens já voltaram.

      cPTc – companhia Paulista de Transporte coletivos

      Até que o logo ficou legal, parece um “cabritinho”

      Att,

      Paulo Gil

  6. Luiz Vilela disse:

    O teor da crítica aos monotrilhos é descabido, por vários motivos:
    – Estão longe da plena operação
    – Prefeitura enrola com licenças e obras viárias, isto quando não “empaca” as obras, como no trecho Panamby/Paraisópolis/Morumbi, onde as obras das avenidas se arrastam a passos de tartaruga ou estão paradas.
    – Não se vê ações de integração das estações dos monotrilhos com os ônibus, pelo contrário. Por mais que já exista a Lei 12.587!
    – Metrô pesado tem mais limitações com relevos difíceis como os das rotas de L15 e L13, permitindo rampas menores e curvas de raios maiores.

    O Secretário precisa fomentar e colaborar com as obras do monotrilho e não simplesmente com verbas. Se a Prefeitura avança nas desapropriações e obras viárias até Cidade Tiradentes, pode COBRAR o Estado e a Cia do Metrô para fazer a parte dela. Esta é a atitude que a cidade precisa e não críticas vazias.

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