SPTrans promete que licitação não vai tirar empregos de motoristas e cobradores

Publicado em: 13 de maio de 2015

Prefeitura de São Paulo garante que redução de frota não vai tirar empregos nos transportes públicos

SPTrans diz que linhas não serão reduzidas e que vencedores de licitação vão ter de absorver mão de obra

ADAMO BAZANI – CBN

Além das questões salariais, uma das preocupações dos motoristas e cobradores de ônibus que paralisaram 29 terminais municipais e as áreas de linhas da SPTrans em outros três terminais do Metrô e da EMTU é em relação aos empregos depois da licitação do sistema de transportes da cidade, cujo edital deve ser lançado neste semestre.

A licitação deve reformular as linhas de ônibus e há expectativa que a atual frota de 15 mil veículos, entre ônibus e micro-ônibus, seja reduzida para um número próximo a 11 mil.

Além disso, o prefeito Fernando Haddad alterou lei municipal abrindo a possibilidade de uma quantidade maior de ônibus de grande porte circular sem cobradores.

Menos ônibus e menos motoristas e cobradores para trabalhar neles. Mas não na promessa da SPTrans.

Em nota, a São Paulo Transporte informou que “os vencedores da nova licitação do transporte coletivo municipal contratarão os empregados que já trabalham no sistema atualmente”.

A SPTrans, no entanto, não informou como vai conseguir isso.

A gerenciadora promete também que as linhas serão adequadas de acordo com a região atendida, demanda e tipos de veículos necessários para prestar os serviços. São estes critérios que devem determinar a quantidade de ônibus.

A cidade deve ter diferentes grupos de linhas, de acordo com audiência pública de 23 de março, conduzida pelo secretário municipal de transportes, Jilmar Tatto:

As linhas de ônibus serão divididas em quatro tipos:

– Linhas locais de distribuição: vão atender trajetos a partir dos bairros em ruas menores. Podem ser bidirecionais, com ida e volta com destino a um terminal, ou então circulares. Estes trajetos devem ligar bairros sem a necessidade de o usuário passar pelo centro da cidade.

– Linhas estruturais radiais: vão passar por corredores de ônibus. A demanda é maior, com intervalos mais curtos e ônibus do tipo articulados, superarticulados e biarticulados.

– Linhas estruturais perimetrais: vão passar por avenidas maiores e vão permitir a integração com terminais e corredores de ônibus estruturais radiais. Devem ligar também centros de cada região.

– Linhas de articulação: devem ser instaladas em ruas mais largas e devem ligar regiões diferentes e atender quem tem dificuldade de se deslocar a pé de um sistema para outro. A demanda espera é menor, com ônibus de médio ou pequeno porte.

A prefeitura pretende seguir adiante com o modelo de criação de redes, como a Rede da Madrugada. Mas agora, a intenção é apresentar uma rede para sábado, outra para domingos e feriados, uma para horário de pico e uma quarta para as demais horas, cada uma com linhas e trajetos que podem ser diferentes.

Tatto também disse que a concessão será de, no máximo, 20 anos. O valor dos contratos será de R$ 120 bilhões neste período.

A taxa de lucro das empresas deve ser reduzida em relação aos atuais patamares.

As empresas serão agrupadas em SPE – Sociedades de Propósito Específico em vez de companhias individuais ou consórcios como é o sistema atual. As cooperativas serão extintas definitivamente, mas como já vem ocorrendo, os cooperados podem se unir e formar empresas.

As SPEs não vão poder ter contratos em outras cidades, o que não significa que as empresas que formarem estas entidades serão proibidas de atuação em outros municípios.

A SPTrans promete acrescentar outros detalhes à medida que os estudos e audiências forem avançando para compor o edital.

Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes