Mercedes-Benz anuncia 500 demissões e outras fabricantes de ônibus podem fazer cortes

Mercedes-Benz

Fábrica da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Empresa anuncia a demissão de 500 funcionários. Novos cortes podem ocorrer nos setores de ônibus e caminhões em diversas montadoras e fabricantes de autopeças para veículos de bens de capital. Foto: Mercedes-Benz.

Mercedes-Benz demite 500 pessoas da fábrica de São Bernardo do Campo

Operários estavam no grupo de 750 empregados que estavam em lay off. Mais demissões podem ocorrer nas montadoras de ônibus e caminhões

ADAMO BAZANI – CBN

Com a economia brasileira não reagindo e sem sinais de crescimento significativo, o setor de veículos que são bens de capital, como ônibus e caminhões, é um dos mais prejudicados e quem sente é o trabalhador.

A Mercedes-Benz, líder em produção e vendas de ônibus e vice em caminhões, anunciou a demissão de 500 funcionários da fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, principal unidade da montadora alemã no Brasil.

Estas pessoas estavam no grupo dos 750 funcionários colados em maio do ano passado no regime de lay off – suspensão do contrato de trabalho.

Segundo a Mercedes-Benz, o fraco desempenho dos segmentos de ônibus e caminhões ainda faz com que haja um excedente de mil e 200 pessoas, além das demitidas.

Hoje a planta tem 10 mil e 500 funcionários, trabalha apenas quatro dias por semana e deve dar férias coletivas com período ainda a ser definido.

A Mercedes alega que a ociosidade da planta hoje é de 40%.

Esses 500 cortes vão ser formalizados em maio. A empresa ofereceu ao grupo o mesmo pacote de benefícios para quem aderiu ao PDV – Plano de Demissão Voluntária.

O PDV está aberto desde o dia 27 de março e, além dos direitos trabalhistas, prevê o pagamento de nove salários extras.

Os outros 250 funcionários que estavam em lay off têm estabilidade, retornando à linha de produção.

Neste ano, as montadoras já dispensaram 3,6 mil trabalhadores, a maioria por PDV. No ano passado, foram 12,5 mil funcionários demitidos.

Seguindo a tendência e integrando a cadeia produtiva, as empresas de autopeças demitiram 25 mil trabalhadores no ano passado. O Sindipeças – Sindicato Nacional da Indústria de Componentes de Veículos Automotores projeta 17 mil demissões em 2015.

A Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, que reúne as montadoras, não divulga projeções sobre o nível de emprego, mas as estimativas em relação a produção, principalmente de veículos pesados, não são nada animadores.

A projeção é de queda de 22,5% na produção de ônibus e caminhões e de 9,3% de automóveis.

Outras fabricantes de veículos pesados também reduzem a produção e a jornada dos trabalhadores.

A Volvo, em Curitiba, vai colocar a partir de segunda-feira até 4 de maio, 1,5 mil trabalhadores em férias coletivas. A Scania, de São Bernardo do Campo, emendou este feriado de Tiradentes, não trabalhando na segunda-feira. Já a MAN Latin America- Volkswagen Caminhões e Ônibus, em Resende, reduziu em 10% a jornada de trabalho e os salários.

Em relação à Mercedes-Benz, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, já encaminhou aviso de greve à montadora e na quarta-feira, 22, vai realizar uma assembleia para votar a paralisação.

A entidade criticou a postura da Mercedes-Benz e o que chamou de inércia do governo Dilma Rousseff, sucessora de Lula, um ex-metalúrgico. Para o sindicato, o governo federal não colocou em prática o Plano Nacional de Proteção ao Emprego, discutido há dois anos, e que deveria entrar em vigor em momentos de crise, como o enfrentado pelo setor de automóveis e autopeças, em especial, nos segmentos de caminhões e ônibus.

Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. J disse:

    Esse é o Brasil do PT e aliados e amiguinhos…e dos “cuimpanheruis”! Lamentavel…mesmo com renovações de frotas de ônibus e de caminhões, no caso de transportes de carga, é óbvio…e os caras tem q demitir pais e mães de familia…Meteram o pau no m…do FHC e agora??? qual a diferença?

  2. Com esse governo incompetente do PT afundando o país e o que se espera começando pelas montadora,depois fábricas e comercio,deus nos acuda.

  3. claudio disse:

    Enquanto for permitido ônibus e caminhões com mais de 20 anos de uso, continuarem prestando “serviços de alto risco”, causando acidentes e travando o transito nas rodovias, vamos continuar vivendo esse cenário de terror e chantagem das grandes industrias sobre demissões em massa como forma de pressionar o governo para concessão de vantagens fiscais e de financiamentos.
    Tirando essas sucatas de circulação vamos ter renovação de frotas e melhor condições no transporte de pessoas e cargas.

    1. Zé Tros disse:

      Para ônibus o máximo é 10 anos. Assim mesmo, as grandes empresas fazem renovação de 5 em 5 anos.

      Quanto aos caminhões sim, porém, os donos de caminhões velhos não estão com eles porque gostam, mas, porque não tem condições de comprar um novo com o que eles ganham hoje. Além disso, devemos separar o que é caminhão velho sem condições de rodar de caminhões antigos e bem conservados.

  4. marcelo disse:

    Aperta bem forte no 13 ate sangrar… Não duvido que os empresários estejam pensando em encerrar as atividades por aqui, é preciso ser herói para manter uma empresa funcionando, pagando tudo direitinho, obedecendo normas.

    1. Zé Tros disse:

      Isso é verdade, com a carga tributária gigantesca sobre a folha de pagamento e todo o resto, tem que ser heróis mesmo. E o pior é que isso tudo é repassado para os consumidores finais, que são quem arca com essa farra.

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