Excesso de produção de carros e os vários impactos positivos e negativos

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Ônibus urbanos em parada na cidade de São Bernardo do Campo. Consultoria internacional prevê excedente de carros nos próximos anos no Brasil. Notícia que num primeiro momento pode ser boa deve vir acompanhada de uma série de questionamentos como a respeito dos impactos na mobilidade urbana e nas vantagens e desvantagens econômicas. Foto: Adamo Bazani.

Excesso de produção de veículos sob o ponto de vista da mobilidade e da economia em geral
O carro não é o vilão das dificuldades do ir e vir, mas as políticas públicas que ainda o deixam mais atrativo para os deslocamentos diários.
ADAMO BAZANI – CBN
O levantamento da consultoria internacional PricewaterhouseCoopers (PwC) de que até 2017 o Brasil terá um excedente de produção de 1,6 milhão de veículos (sem contar caminhões e ônibus) em 2015; 1,4 milhão em 2017; 1 milhão em 2019 deve ser analisado sob vários prismas.
Do ponto de vista do acesso a veículos automotores, a notícia pode significar mais concorrência entre as fabricantes, inclusive as que vão se instalar no Brasil e não são filiadas a Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores. De acordo com a PwC, em 2017, a capacidade de produção das plantas no Brasil pode chegar a 6,1 milhões de unidades e segundo as estimativas da Anfavea, a capacidade será de 5,7 milhões e a demanda de 4,6 milhões de veículos.
Claro que quanto mais há oferta, a tendência é de haver uma diminuição dos custos de aquisição.
Também são esperados mais empregos no setor, mas não no mesmo ritmo, pelo maior nível de automação.
Mas e os impactos disso em relação à mobilidade, à qualidade de vida e à economia em geral.?
Pouco tem se discutido e a questão é seríssima. Politicamente, em discursos eleitoreiros, é muito bom dizer que as pessoas de renda menor agora possuem seus carros.
Os mesmos discursos em relação à mobilidade urbana são cheios de chavões óbvios e promessas de obras mirabolantes que custam muito dinheiro dos cofres da população e que apresentam resultados semelhantes ou mesmo inferiores aos de soluções já testadas e aprovadas, como os modernos corredores de ônibus do tipo BRT (Bus Rapid Transit) e o metrô de fato. No entanto, nos palanques fica mais “bonito” dizer que se trouxe algo mais novo e diferente do adversário político.
As projeções tanto da consultoria internacional como da Anfavea sobre este excedente de produção preocupam e muito.
Todos se gabam que o país vai ter mais carros. Mas alguém por acaso apresentou junto com estes números o que vai ser feito para as cidades receberem e suportatem todo este “excedente” de veículos?
O grande vilão da mobilidade não é o carro, mas a postura eleitoreira e pouco corajosa dos governos em todas as esferas disciplinarem o uso dos veículos.
E não se disciplina o uso de carros punindo os motoristas com taxas, pedágios, impostos ou más condições de circulação. Se faz isso dando ao transporte coletivo uma qualidade, conforto, rapidez e pontualidade que deixem o carro um meio de deslocamento com menos vantagens que o transporte público.
As soluções são mais fáceis que os discursos. Prioridade ao transporte coletivo em espaços qualificados nas cidades, gestão de sistemas de transportes que evitem que os espaços prioritários sejam desperdiçados e políticas tributárias que deixem as tarifas atrativas.
Numa análise superficial, do ponto de vista econômico, este excedente de produção de veículos pode significar uma boa notícia. Mas não é bem isso. Os custos que os congestionamentos proporcionam, englobando desde investimentos públicos em infraestrutura, perda de produtividade e gastos com saúde pública, são de cinco a sete vezes maiores que os ganhos proporcionados pela indústria automotiva.
Além disso, mesmo com PACs de mobilidade e desonerações, que são importantes mas não a solução concreta, o transporte individual direta e indiretamente é muito mais subsidiado que o transporte coletivo.
Ora, se a concorrência entre as fabricantes com o excedente de veículos vai deixar os preços menores, então que se diminuam as desonerações e as injeções de dinheiro público para estimular a produção e venda de carros. É uma questão lógica.
Sendo assim, que venham sim mais carros. Mas que a população tenha um transporte público de qualidade para usar de forma racional e inteligente estes carros.
Hoje, as pessoas que estão servindo os carros, sendo que a máquina é que deveria atender às expectativas do ser humano.
Você já parou para pensar o quanto perde de dinheiro, saúde, oportunidades de estudo e até a possibilidade de conhecer as pessoas e sua própria cidade por causa dos congestionamentos?
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Sabe porque temos tantos carros nas ruas um exemplo em SP?E simples brasileiro e burro e compra carro pra ostentar pros amigos,familia e vizinho pra dizer que tem tambem ou eu tenho e voce nao tem,mesmo o Brasil sendo um país que vende o carro mais caro do mundo,unico país que ainda vende carro 1.0 e com o minimo de segurança possivel,um exemplo nos EUA voce compra um carro novo por 10 mil reais convertido do dolar completo e com o maximo de segurança,aqui voce paga 24 mil e nao vem com freio Abs,6 Airbags e lataria mais resistente,em um país que o salario minimo custa 678 reais um carro custar 24 mil e justo?Brasileiro paga caro em tudo nao e so carro,e somente pra ostetnar por isso esta devendo pra deus e o mundo,quando aprender-mos a sermos mais criticos e nao comprar se achar abuso essa país mudara os altos valores das montadoras e empresas abusivas tenho certeza.

    1. orlando silva disse:

      Porque boa parte do valor caro, o lucro, é remetido para as sedes de origem, apesar que eu não contribuo com isso. Isso também se dá pelos impostos incididos. Não tenho a mínima vontade de aprender a dirigir.

  2. orlando silva disse:

    Forma de pensar da geração atual. Ter um carro, dois, dai se usa para ir no mercado, a menos de 500 metros, na feira, ou, no caso do ABC (onde local de trabalho-casa não leva mais que 40 minutos), vão de carro se perceber que o transporte da região É EFICIENTE, como o caso de servidores municipais que lotam o estacionamento do Paço. E ainda estudam a possibilidade de aumentar o estacionamento !!!
    Fato é que só na divisa de Santo André, com S. Caetano, vista da linha do trem, há um mar de carros novos em fabrica desativada…para serem distribuídos nas revendas da FIAT.

  3. Paulo Gil disse:

    Amigos, boa noite.

    So uma coisa e certa, os precos no Brasil nao diminuiram nunca, mesmo com maior automacao
    e mesmo com mais fabricantes.

    Quanto a mobilidade, esquece, pois nao ha gestao seria neste pais.

    Condenado, doente e ainda vao dar um jeitinho para aposentar na pizza.

    Nao precisa continuar ne.

    Att,

    Paulo Gil

    1. alexandro disse:

      Vou viajar de sp para rj para fazer um concurso e nas 4 empresas (1001, expresso do sul, itapemirim e expresso brasileiro) o valor da passagem é R$ 74,50. Cartel !!! Sem concorrência !!! Isto vai acontecer também com as novas montadoras hyundai, honda e toyota, vão fixar preços para cada tipo de carro e motorização: Ex: sedan médio 40mil, SUV 60mil … Ou seja, o Paulo Gil está correto, os preços não vão diminuir !!!

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