População quer manutenção de subsídios, diz pesquisa

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Pesquisa revela que 86,3% de entrevistados querem que o Governador do Paraná, Beto Richa, mantenha os subsídios para a continuação das integrações e de outros benefícios para os passageiros. A diferença entre a tarifa cobrada do usuário e a tarifa que representa os custos reais do sistema deve aumentar, o que pode elevar o déficit da Urbs que pode chegar a R$ 110,4 milhões em um ano.

Pesquisa mostra que 86% de entrevistados querem manutenção de subsídios para transportes em Curitiba e municípios vizinhos
Custo do transporte deve chegar a R$ 2,99. Se não houver reajuste de tarifa e manutenção das complementações de recursos, déficit da Urbs pode ser de R$ 9,2 milhões por mês
ADAMO BAZANI – CBN
Com o reajuste do óleo diesel nas refinas de 5,4% (valor menor para o consumidor final) e dos salários de motoristas e cobradores de ônibus de Curitiba e Região Metropolitana, que deve ser em torno de 6% de acordo com o INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor, o custo dos transportes na capital paranaense e cidades da região metropolitana deve ser de R$ 2,99 por passageiro.
A projeção não leva em conta as elevações de outros itens principais da cesta que forma as tarifas, como óleos lubrificantes, pneus, peças e aquisições de novos veículos.
No final do ano passado, o Setransp – Sindicato das Empresas de Transporte Urbano e Metropolitano de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana/Paraná havia apresentado um estudo encomendando à Fipe – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, da Universidade de São Paulo – USP, que apontava que a tarifa ideal para custear o sistema seria de R$ 3,10.
A Urbs – Urbanização de Curitiba S.A., empresa que gerencia os serviços de ônibus na capital e nos municípios que formam a RIT – Rede Integrada de Transportes , espera uma posição do governador Beto Richa sobre a manutenção dos subsídios ao sistema de transportes para evitar aumentos muito grandes das passagens de ônibus e para continuar com as integrações entre os ônibus de Curitiba e da Região Metropolitana.
Richa ainda não sinalizou sobre a manutenção das complementações de receita.
Além da Urbs aguardar um posicionamento do governador do Paraná, o prefeito de Curitiba, Gustavo Freut, e a própria população cobram de Richa a continuidade dos subsídios.
É o que revela um levantamento realizado pelo Instituto Paraná de Pesquisas, que ouviu 430 pessoas na capital Curitiba entre os dias 23 e 25 de janeiro para saber a percepção dos passageiros em relação aos custos dos transportes.
Os dados mostram que 86,3% dos entrevistados querem que o governo do Estado mantenha os subsídios para equilibrar as contas do sistema de transportes e continuar com as integrações e outras ações de benefícios aos passageiros.
Para 60% dos entrevistados, a atual tarifa de R$ 2,60 é alta.
A pesquisa mostra que 73% das pessoas achariam a tarifa elevada se ela fosse para R$ 2,90.
Mas o que os entrevistados acham caro, é realmente o custo por passageiro transportado, de acordo com a Urbs.
Hoje a tarifa técnica, que mostra o custo real das passagens é de R$ 2,89. A diferença entre os R$ 2,60 da tarifa dos passageiros e a tarifa técnica é bancada por subsídios.
Sem eles, o valor deve ser maior ainda nas catracas.
O último reajuste no valor das tarifas de ônibus para os passageiros foi em março do ano passado, quando passou de R$ 2,50 para R$ 2,60. Foi a única elevação da tarifa, como previam os reajustes anuais.
Mas os custos do sistema continuaram a aumentar e a tarifa técnica, que representa estes gastos, subiu três vezes no mesmo período, ou seja, de março até agora.
Em março, a tarifa técnica era de R$ 2,78 , em agosto foi para R$ 2,87 por determinação da Justiça e no fim do ano, subiu mais uma vez, para R$ 2,89.
Essas diferenças constantes entre o que é arrecadado nas catracas e o que realmente custa transportar os passageiros fizeram com que os rombos da Urbs só aumentassem. Em março, data do último reajuste, a média mensal do déficit era de R$ 4,5 milhões.
Em dezembro, a média deste prejuízo subiu para R$ 6,8 milhões.
Agora com a estimativa de uma tarifa técnica na ordem de R$ 2,99, o rombo pode chegar a R$ 9,2 milhões na média mensal e acumular um período de um ano em R$ 110,4 milhões.
Por este motivos, os especialistas apontam para a necessidade da manutenção dos subsídios. Para que o sistema se torne economicamente viável e ao mesmo tempo não onere demasiadamente o bolso do passageiro.
Em entrevista ao jornal “Gazeta do Povo”, do Paraná, o professor do Centro de Pesquisa e Pós Graduação em Administração da UFPR – Universidade Federal do Paraná, Ramiro Gonçalez, quem se locomove de carro deve ajudar a subsidiar o transporte coletivo.
“Você tem de sinalizar que o usuário do transporte coletivo tem prioridade. Uma maneira é criar algum mecanismo que subsidie o transporte, via imposto ou um combustível mais caro”
Já o ex-diretor de Planejamento e Engenharia da Urbs, João Carlos Cascaes, defende um plano diretor para os transportes, com redução de custos. Ele diz que a taxa de administração deve ser zerada, algo complexo pelo fato de a Urbs ser uma empresa de economia mista.
A criação de uma frota pública operada por empresas particulares também é defendida por João Carlos Cascaes.
“Isso de ficar dependendo do governador, de subsídio, é ruim. O ideal é ter soluções próprias”, afirma.
E é isso que a Urbs e as empresas de ônibus tentam para minimizar os rombos, mas ainda há necessidade do posicionamento de alguns órgãos governamentais.
Ainda não houve retorno sobre o andamento do projeto do Governo do Estado a respeito da possibilidade de redução do ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços sobre o óleo diesel usado nas frotas de ônibus urbanos de Curitiba e Região Metropolitana.
As companhias de ônibus aguardam os efeitos da lei federal de setembro do ano passado que reduziu a alíquota sobre a folha de pagamentos em diversos setores, inclusive o de transportes coletivos.
Além disso, a Urbs e as viações esperam uma receita extra com a veiculação de publicidade nos ônibus pelo sistema de monitores de TV que passam programação para os passageiros nos veículos. Até o final de março, pelo menos 120 ônibus biarticulados devem ter os aparelhos de TV, além de dois terminais.
A decisão da manutenção dos subsídios está nas mãos de Beto Richa, que luta para que as contas do Governo do Estado não fechem no vermelho.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Paulo Gil disse:

    Amigos, boa noite

    Subsídios é ilusao, pois quem vai pagar a conta e o pato são só os contribuintes, ninguém mais.

    1) Cobrar o déficit dos gestores públicos responsáveis por este rombo.

    2) Não adianta o passageio fingir que paga e a empresa fingir que presta um serviço de
    acordo com o contrato, aumentem logo a tarifa.

    3) Ao invés de onerar mais ainda o contribuinte porque a Petrobras não aplica preço de diferenciado para as empresas do Buzão; afinal tem Petróleo saindo pelas ventas aqui no Brasil.

    Mãos a obra.

    Att,

    Paulo Gil

    .

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