Mercedes Benz dá outro dia de folga coletiva por causa de desaceleração

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Ônibus da Mercedes Benz. Montadora deu mais um dia de folga coletiva por conta do desaquecimento das vendas e da produção para os trabalhadores da unidade de São Bernardo do Campo – SP. Objetivo é evitar demissões até que o mercado de veículos a diesel se ajuste. Foto: Adamo Bazani.

Mercedes Benz dá o segundo dia de folga coletiva no mês
Já houve férias coletivas em abril e maio por conta da baixa demanda por ônibus e caminhões
ADAMO BAZANI – CBN
A Mercedes Benz do Brasil ainda tenta se recuperar dos efeitos da desaceleração da venda de veículos a diesel. Nesta segunda-feira, a unidade de São Bernardo do Campo no ABC, a maior do País, deu folga coletiva para 9 mil trabalhadores da linha de produção de chassis de ônibus, de caminhão, câmbios, eixos e motores.
É a segunda folga coletiva neste mês. Na segunda-feira da semana passada, dia 03 de setembro, os trabalhadores também não foram para o serviço.
Em abril, a montadora já havia concedido férias coletivas para os trabalhadores, o mesmo ocorreu em 14 de maio e entre os dias 21 e 25.
No segmento de ônibus, segundo dados apresentados pela Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores na última quinta-feira, a Mercedes Benz continua líder de mercado, com 9.152 chassis de ônibus licenciados entre janeiro e agosto deste ano. A queda em relação ao mesmo período do ano passado foi de 5,1%. Mas no segmento de caminhões, a queda para alguns modelos beira os 40%.
O Conama – Conselho Nacional do Meio Ambiente, determinou a entrada da fase 7 do Proconve – Programa Nacional de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automores, em janeiro de 2012.
Os veículos movidos a óleo diesel seguem os padrões internacionais Euro V e são bem menos poluentes. As reduções de emissão de óxidos de nitrogênio (NOx) podem chegar a 60% e de materiais particulados, a 80%.
Tudo isso depende de tecnologia. E por conta desses equipamentos mais modernos, os ônibus e caminhões ficaram entre 10% e 15% mais caros. As montadoras dizem que esse valor maior é compensado pelo fato de estes veículos consumirem menos e exigirem manutenções mais distantes umas das outras.
Além disso, muitos modelos precisam da adição de um fluido especial, num tanque separado do diesel, que é injetado eletronicamente no sistema de escape dos veículos. Trata-se do ARLA 32 – Agente Redutor Líquido Automotivo, feito com 32,5% de ureia industrial. Os ônibus e caminhões Euro V, como são chamados pelo mercado, precisam usar o diesel S 50, com menor quantidade de enxofre.
As dúvidas em relação ao ARLA e o fato de os empresários aproveitarem os preços menores dos veículos com tecnologia antiga, cuja produção só poderia ser feita até 31 de dezembro de 2011, fizeram com que os frotistas antecipassem no ano passado as renovações previstas para 2012.
O ano de 2011 foi recorde nas produções e vendas de ônibus e caminhões. A própria Mercedes Benz, que hoje dá dias parados para os funcionários, registrou a maior atividade no ano passado com 80 mil veículos produzidos em 2011.
Assim, parte da queda neste ano era esperada pelo mercado como um ajuste em relação aos recordes de 2011. O medo da indústria é que essa desaceleração ultrapasse o que já tinha sido previsto.
A queda no nível de atividade geral do País, que deve fechar 2012 com PIB reduzido também influencia nos setores de ônibus e caminhões que podem ser considerados termômetros da economia.
Uma indústria, um comércio e um setor de construção civil aquecidos vão demandar mais caminhões. A aceleração de diversas atividades econômicas vai demandar mão de obra, que precisa se deslocar de casa para o trabalho, havendo a necessidade de mais ônibus.
A economia acelerada incrementa também o turismo e o número de pessoas viajando, o que também aumenta o uso dos ônibus.
Segundo a Mercedes, o objetivo das folgas e férias coletivas é justamente evitar demissões. Além da pressão do Sindicato dos Metalúrgicos, a empresa prevê que a partir do ano que vem, o mercado volta a aquecer.
As obras de mobilidade e eventos como Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016 devem aumentar a procura por ônibus e caminhões.
Desde junho, 1400 trabalhadores estão afastados, mas não foram desligados da companhia em São Bernardo do Campo.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

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