Produção da Marcopolo cresce em pleno ano de crise

Tata Marcopolo

Enquanto o mercado de ônibus e caminhões amarga um primeiro semestre difícil, a fabricante de carrocerias Marcopolo tem alta de 17,5% levando em consideração as atividades da empresa em todo o mundo. No mercado interno, a queda foi de 2% nos seis primeiros meses, mas a tendência de queda deve se reverter nos seis últimos meses. Destaque no mercado exterior para a Tata Marcopolo Motors na Índia, país onde o crescimento de produção da joint venture foi de 56,2%.

Marcopolo registra crescimento de 17,5%
Por conta da alta, empresa reviu para cima sua previsão de receita líquida para 2012
ADAMO BAZANI – CBN
Um ano de crescimento nas vendas e produção a ponto de haver necessidade de revisar para cima a previsão de receita líquida.
Quem conhece o setor de ônibus e caminhões afetado pela crise na indústria automotiva e ainda sentindo a antecipação da renovação de frota por conta da mudança de tecnologia, afirma categoricamente que este ano pode ser qualquer um da história, menos 2012.
No entanto, pelo menos para a Marcopolo, a realidade para este ano é essa: números positivos.
Nesta terça-feira, dia 07 de julho de 2012, a encarroçadora com sede em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, divulgou balanço relativo ao primeiro semestre que dá conta de um crescimento de 17,5% em relação ao mesmo período do ano de 2011, que foi considerado o melhor da história do setor.
Este número positivo representa receita líquida de R$ 1,799 bilhão nos seis primeiros meses de 2012 contra R$ 1,531 bilhão do primeiro semestre do ano passado.
A produção em todas as unidades Marcopolo no mundo teve alta de 9,2%
A alta da produção e da receita da Marcopolo foi puxada pelo desempenho das operações internacionais que tiveram crescimento de 36,1% no primeiro semestre. Em números de unidades, foram 6 mil 440 carrocerias nos seis primeiros meses montadas nas fábricas do exterior conta 4 mil 945 no ano passado. O destaque no mercado internacional foi a Índia, onde a Marcopolo registrou alta de 56%.
Em nota à imprensa, o diretor-geral da Marcopolo, José Rubens de La Rosa, atribui o bom resultado à manutenção dos investimentos realizados desde 2008.
“Em que pesem os importantes obstáculos enfrentados pela queda de demanda no mercado brasileiro e da crise internacional que continua a afetar diversos países, conseguimos reverter um quadro desfavorável em resultados positivos para a empresa, seus colaboradores, clientes e também para os nossos acionistas”, salienta de la Rosa.
Analisado de forma isolada, as operações da Marcopolo no Brasil tiveram queda de 2% no primeiro semestre de 2012.
Foram 9 mil 123 unidades nos seis primeiros meses deste ano contra 9 mil 313 em igual período de 2011.
Apesar do resultado negativo, frente à realidade do mercado, ele não é considerado tão ruim.
A entrada em vigor das normas previstas no Proconve P 7 – fase 7 do Programa Nacional de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores, que tem como base os parâmetros de redução de emissão de poluentes do Euro V, em janeiro deste ano, deixou os ônibus e caminhões bem menos poluidores, porém mais caros. Sendo assim, no ano passado, os frotistas correram para aproveitar as últimas unidades mais baratas, ainda com base no conjunto normativo Euro III.
Assim, o mercado hoje não está nos melhores de seus anos, mas também não há motivo de desespero. Este ano é um ajuste em relação a 2011.
Dentro do cenário, a retração de 2% da Marcopolo na produção interna pode ser considerada um trunfo.
No segundo semestre, a Marcopolo prevê um quadro melhor com a reversão dos números negativos por vários motivos:
Os efeitos da antecipação das renovações no ano passado devem ser mais fracos, já que as necessidades de renovação começarão a ser mais intensas.
No caso da Marcopolo, a empresa aposta no PAC Equipamentos, que entre outras coisas, prevê a compra de 8 mil 570 ônibus escolares até o final do ano, complementando o Programa Caminho da Escola.
O diretor-geral da Marcopolo, José Rubens de La Rosa, também cita as maiores facilidades nas linhas de financiamento, em especial a Finame – PSI, como uma das motivadoras da reversão da curva de queda.
“Pelo lado do financiamento, o BNDES prorrogou a linha FINAME PSI com prazos maiores (até 10 anos) e taxa de juros de 5,5% ao ano para vendas contratadas até o final agosto e entregas em até seis meses, e 7,7% após agosto e até dezembro de 2013. Estas condições mais competitivas de financiamento já estão refletindo no aumento da demanda por ônibus com chassi Euro 5”, destaca o executivo.

TATA MOTORS:
Se o mercado interno passa por ajustes, em vários países, os números são animadores.
Na Índia, a Tata Marcopolo Motors, uma joint venture com a Marcopolo e a Tata Motors, registrou volume de produção de 56,2% nos seis primeiros meses de 2012 na comparação com o intervalo de 2011.
Na Austrália, a Marcopolo comemora a consolidação do mercado e no México, apesar de o acumulado do semestre de 2012 ter sido igual ao de 2011, no segundo trimestre a alta foi de 33,1%.
EXPORTAÇÕES E AUMENTO NAS PREVISÕES DE LUCRO:
A desvalorização do real frente ao dólar fez com que os produtos se tornassem mais competitivos no exterior, beneficiando o volume de exportações da Marcopolo que registraram altas principalmente em comparações trimestrais.
Quanto aos lucros, a Marcopolo prevê ter uma receita de R$ 3,8 bilhões este ano em todo o mundo. Antes destes últimos números de produção, a previsão de receita era de R$ 3,6 bilhões, segundo nota da Marcopolo à imprensa: “O volume físico de exportações da Marcopolo a partir do Brasil aumentou 1,8% no semestre, mas cresceu 40,1% no segundo trimestre, em relação ao mesmo período de 2011 e 114,6% ao trimestre imediatamente anterior. Esse desempenho foi obtido em razão da maior competitividade do produto brasileiro pela desvalorização do real frente ao dólar norte-americano. Em razão dos resultados atingidos e perspectivas para o segundo semestre de 2012, a Marcopolo, amparada na “Política de Divulgação de Informações”, Capítulo II, Artigos 17 a 20, que trata das expectativas de desempenho futuro, divulga a revisão de suas expectativas para o ano de 2012, mantidas as condições atuais de mercado e do desempenho econômico do País, que passam a ser: (i) investimentos programados no montante de R$ 220,0 milhões; (ii) atingir receita líquida consolidada de R$ 3,8 bilhões; e, (iii) produzir 32.500 ônibus nas unidades do Brasil e exterior”.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Thiago Prada disse:

    Prezado Adamo Bazani,

    Meu nome é Thiago e estou preparando um projeto de estudo relacionado à questões de mobilidade urbana, urbanização e os efeitos causados nos usuários dos transportes coletivos, sobretudo metrô, ainda estou em fase, digamos, embrionária do projeto e estou coletando dados.
    Gostaria de poder lhe solicitar uma ajuda, se lhe for possível, visto o alto nível do blog que mantém: vi uma vez uma pesquisa sobre a ocupação média do horário de pico por metro quadrado ser de 9.8 quando o ideal seria de 6, nos vagões do metrô, você saberia me informar onde se encontrar esta pesquisa? Acho que foi feita pela Data Folha mas não a encontro. Agradeço qualquer ajudar que puder me oferecer quanto a pesquisas e dados atuais. Muito obrigado e parabéns pelo blog!

  2. Rodrigo disse:

    Gostei desta matéria. E realmente são boas notícias para o mercado no Brasil, pois sou funcionário da Ciferal do grupo Marcopolo, no Rio de Janeiro e sentimos fortemente uma queda nos pedidos, mas estamos lutando e motivando o mercado a comprar conosco e este trabalho em equipe, tem garantido o sucesso da organização.

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