BANCOS ANUNCIAM US$ 175 BILHÕES PARA TRANSPORTES LIMPOS

ônibus

Bancos multilaterais de todo o mundo anunciaram financiamentos de US$ 175 bilhões para desenvolvimento e ganhos de escala de tecnologias limpas nos transportes coletivos. O anúncio foi feito hoje, paralelamente à Rio +20. As instituições entendem que só é possível melhor a qualidade de vida nas cidades, aperfeiçoando a mobilidade e reduzindo as emissões de poluentes, pelos transportes públicos. E os ônibus são destaques nos planos, por terem soluções de custos menores, com resultados positivos e que, por conta disso, podendo atender cada vez mais pessoas. Foto: Adamo Bazani

Bancos vão investir US$ 175 bilhões para transportes sustentáveis
Objetivo é estimular os transportes coletivos com tecnologia mais limpa. Ônibus é uma das principais soluções, de acordo com as instituições mundiais.

ADAMO BAZANI – CBN

O documento oficial da Rio +20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, ficou abaixo das expectativas de quem aguardava decisões mais concretas.
Os itens que comprometem os interesses dos países mais ricos, como metas estabelecidas de redução de poluição, criação de um fundo para manutenção de uma economia sustentável e transferência tecnológica para as nações que estão ainda em crescimento foram reduzidos e se tornaram bem generalistas. Se resumiram em abordar os temas de forma superficial.
Na questão dos transportes coletivos e criação de cidades melhores para se viver, os debates sobre formulação de políticas públicas poderiam ter sido melhores.
Mas, paralelamente a Rio +20, no Rio de Janeiro, foi anunciado um avanço pelos principais bancos mundiais: o financiamento de US$ 175 bilhões até 2030 para o desenvolvimento e ganho de escala na produção de veículos de transportes coletivos com tecnologia não poluente.
O anúncio foi feito hoje, quarta-feira, dia 20 de junho de 2012, por oito bancos multilaterais: Banco de Desenvolvimento Asiático, Banco Mundial, Confederação Andina de Fomento (CAF), Banco Interamericano de Desenvolvimento, o Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento, o Banco Europeu de Investimentos e os bancos de desenvolvimento africano e islâmico.
E quem diz que os ônibus são transportes do passado, no mínimo, não está de acordo com a luta e estudos da sociedade e instituições para uma melhor qualidade de vida em qualquer cidade do mundo.
Os ônibus são destaque nestes planos de investimentos porque os bancos entendem que, mesmo dotados de tecnologias mais caras e não poluentes, os ônibus são soluções com custos que compensam o retorno dos recursos aplicados. Com a mesma quantidade de dinheiro, é possível atender mais projetos, mais sistemas de cidades e mais pessoas em todo o mundo.
O transporte metroferroviário, no entanto, não foi deixado de lado, assim como o por hidrovias, pouco aproveitado em nações que têm potencial para isso, inclusive o Brasil.
Ônibus elétricos híbridos, a etanol, trólebus, e a hidrogênio, que hoje são de alto custo, devem receber incentivos, ganharem mais escala de produção e com pesquisas terem equipamentos mais baratos, e podem se tornar acessíveis para frotistas comuns.
A fonte de energia elétrica é uma das principais para os transportes nos planos das instituições. O Brasil se destaca no setor. Companhias como a Eletra, que faz trólebus mais modernos e foi pioneira em operar um ônibus elétrico híbrido comercialmente no País, e instituições de ensino e pesquisa, como a UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, que conseguiu tornar um ônibus a hidrogênio mais barato e com maior autonomia, já apresentam soluções reais que, com incentivos, podem se tornar mais presentes nas ruas e no dia a dia da população. Em Curitiba, em setembro começam a operar as primeiras unidades de um ônibus elétrico híbrido, que vai reduzir em até 90% a emissão de alguns poluentes.
A disposição dos bancos não é à toa. O incentivo aos transportes coletivos é considerada a principal solução para o ir e vir nas cidades, cada vez mais afetadas pelos congestionamentos, e para a redução da poluição ocasionada pelo excesso de veículos particulares. Ambos fatores que provocam milhares de mortes anuais e desperdícios de recursos financeiros.
Assim, além de humana, a postura destas instituições em incentivar os transportes coletivos, é uma estratégia econômica que garante sustentabilidade e prosperidade.
De acordo com a ONU, até 2030, as emissões de gás carbônico (CO2) pelo transporte coletivo podem subir em até 50%. Mas a situação dos carros particulares é a que preocupa: a frota mundial de carros de passeio pode chegar em 2030 a 2 bilhões de veículos.
Ao investir em tecnologia limpa para ônibus e trens, as nações sabem que podem atacar estes dois problemas de uma vez: diminuir as emissões previstas por parte do transporte público e conter o uso desnecessário do carro de passeio que, por passageiro, polui bem mais e ocupa espaço maior nas cidades.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Vitor disse:

    O governo também tem que rever a tarifa de energia elétrica para os trólebus que atualmente é cobrada como um consumidor comum. Ou seja no horário de pico ela é sobretaxada, justamente no momento em que mais trólebus estão circulando.

  2. André disse:

    Me descupe a contrariedade Adamo, mas bancos só “entendem” de lucro. Se esse investimento não resultar em $oma $atisfatória para tais instituições, eles cortam a verba. Claro, não podemos nos esquecer da tal corrupção política ou de outros interessados nessa aplicação bilionária, além de juros a serem pagos. Vamos lembrar, companheiro, que instituições bancárias são invensões do capitalismo. Portanto ao se investir em um projeto, o mesmo deve ter o retorno esperado para o investidor. Eu também teria tudo para gostar dessa notícia, mas infelizmente devemos confiar desconfiando. É muito dinheiro para beneficiar pobre não acha? [apesar de que ônibus é literalmente “para todos”, independente de gênero, classe econômica, social, religiosa etc – aliás, a discriminação de classes é outro ridículo invento do capitalismo, que é um regime de rico ja que beneficia uma pequena parte da sociedade], e quando a esmola é de mais…
    Por isso não acredito que essa disposição econômica seja humana mas de interesses, sejam eles financeiros ou políticos. Infelizmente é assim que funciona o capitalismo e política Adamo: puro interesse.
    Outra forma de incentivar o transporte rodoviário de passageiros é a construção de corredores rigorosamente segregados e apenas com o uso de biarticulados, dependendo do projeto – sistema expresso junto com semi-expresso poderia usar dois tamanhos de ônibus. Dessa maneira o excesso de ônibus pequenos ou médios não congestionaria o sistema, ao mesmo tempo que estimularia o uso de ônibus, além de mais disposições de poltronas. Porque o metrô é visto como meio de transporte eficiente? Porque nada atrapalha seu caminho (inclusive teria que ser maluco para tal ousadia!), tem o pré embarque; opa! terminal de ônibus também tem. Os ônibus atendem uma demanda média, o que nos daria um planejamento conjunto de média e grande capacidades de passageiros. Concluímos que a principal diferença dos modais é a exclusividade do trem. Isso sem falar de ciclovias, hidrovias e outras formas importantes de deslocamento urbano.
    É isso, estou á disposição para debatermos o tema.
    Valeu!

    1. Mas se eles lucrarem e isso de alguma forma beneficiar a mobilidade, que mal há nisso?
      Se os bancos, que dominam o capitalismo, enxergarem que o transporte dá lucro, então vamos tirar proveito disso…..O duro é se todo o mundo achar que os transportes são caso perdido e ninguém investir.
      O fato é que do jeito que estão as condições ambientais e de mobilidade, elas não podem ficar.
      Se os barões do capitalismo lucrarem sobre os transportes, mas isso refletir em alguma melhoria para a população, que assim seja.
      Infelizmente, tudo precisa de dinheiro.
      Pensar no povo, bom planejamento, mudança de comportamento da população (que vem também com os transportes melhores, mas não só com isso), prioridade aos meios coletivos é o essencial…..mas sem grana, nada disso sai do papel.
      Abraços

  3. Gustavo Cunha disse:

    Boa noite.

    Os recursos acima descritos, se, se, empregados e bem empregados, ajudarão. Entretanto, há que se pensar em como manter o valor das passagens dos diversos modais de transporte público, nos mesmos patamares, por mais tempo, com vistas a tornar o uso do transporte coletivo, atraente, bem como, acessível.

    Abraço.

  4. André disse:

    Entendo o que quer dizer e concordo parcialmente. Não é só uma questão financeira. Se não tiver políticos e empresários que assumam suas responsabilidades com as causas sociais sem a corrupção que desvia esses investimentos, pode ter o recurso que for. Infraestrutura conta muito também. A própria política de transporte da prefeitura de SP é um exemplo evidente da falta de interesse em melhorar as condições para os ônibus: não foi investido em corredores exclusivos, mas sim em faixa simulando espaço de ônibus! Ainda mais com a desculpa de que terá fiscalização. Não adianta muito ter ônibus sustentáveis se eles não tem mobilidade, sendo cercados por carros até mesmo em faixas ridículas que dizem ser exclusivas para os ônibus.
    Além disso, vc abordou a principio o transporte (público) como o único responsável pelo problema ambiental e deslocamento urbano, mas destacou depois que só isso não basta. Não é culpa apenas do transporte, mas da indústria, do descarte do lixo, de desperdício de materiais que poderiam ser reaproveitados etc. Esse problema não deve ficar só nas costas do transporte público, já muito explorado pela mídia televisiva – portanto com amplo alcance – como forma de ganhar ibope. Mas principalmente dos carros e indústria.
    No caso dos carros temos um fenômeno de duplo agravamento: entram muitos carros novos nas ruas e não saem carros velhos. O mesmo se aplica a caminhões e motos.
    Com isso, vemos que só dinheiro não resolve o problema ambiental e mobilidade urbana Adamo, uma vez que não existe (pelo menos na prática) regulamentação e fiscalização que retire veículos antigos de circulação, aliada a falta de infraestrutura dedicada aos ônibus.
    O mal que essa ajuda pode criar é a dependência, criando uma armadilha.
    O mundo está do geito que está por causa de interesses de poderosos, que não estão nem aí nem mesmo para os próprios descendentes, que dirá para povo.

    Estamos aí para deliberar
    Abraço

  5. POXA VIDA, não adianta tanto dinheiro e NENHUMA COMPETENCIA DO PODER PÚBLICO EM GERAR PROJETOS DE TRANSPORTES.
    E A GRANDE PERGUNTA: PARA ONDE VAI TANTO DINHEIRO?? R$ 125 BILHÕES PARA A DEPUTAIADA E R$ 50 BILHÕES PARA AS EMPRESAS DE METRÔ, TRENS E ÔNIBUS, INFELIZMENTE ESTA É A MAIS PURA VERDADE.

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