Sindicato vai ao BNDES e não descarta cooperativa de trabalhadores para a Busscar

Busscar

Ônibus da Busscar. Empresa enfrenta crise financeira desde 2008 e não paga salários dos funcionários há 26 meses consecutivos. Com dívidas de R$ 1,3 bilhão, entre impostos e credores, companhia não teve o plano de recuperação aceito, mas escapou da falência depois da proposta de grupos investidores, entre eles um chinês. Trabalhadores não descartam a possibilidade de formarem cooperativa para assumirem encarroçadora de ônibus. Foto: Adamo Bazani.

Representantes de trabalhadores da Busscar se reúnem com BNDES e discutem possibilidade de cooperativa
Intuito de entidade sindical é ver quais as possibilidades de recuperação de encarroçadora
ADAMO BAZANI – CBN

O caso Busscar, que se arrasta por mais de dois anos, deve ganhar mais um capítulo nesta sexta-feira, dia 15 de junho de 2012.
O presidente do Sindicato dos Mecânicos de Joinville, Evangelista dos Santos e o diretor, Nivaldo Senna, se reúnem no Rio de Janeiro com representantes do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – para discutirem a situação da encarroçadora de ônibus que já foi uma das maiores do país e disputou liderança de mercado com a Marcopolo, no segmento de rodoviários, e com a Caio, no setor de veículos para transporte urbano e metropolitano.
A encarroçadora, em situação financeira difícil, acumula dívidas de R$ 1,3 bilhão, entre impostos e débitos com diversos credores, e não realiza pagamento de salários há 26 meses.
A empresa chegou a ter 5 mil funcionários, mas agora está com menos de mil pessoas em seus quadros. No entanto, todos têm algo a receber da empresa.
Apesar de ter voltado a produzir depois de meses com linhas completamente paradas, o volume ainda é considerado pequeno.
Os sindicalistas não descartam a possibilidade de conseguir recursos com o BNDES para formarem uma cooperativa e assumirem a Busscar.
O Sindicato dos Mecânicos de Joinville quer saber também se há interesse por parte do BNDES participar da empresa numa possível nova composição societária e se há negociações com demais credores da encarroçadora de ônibus, em especial, entidades financeiras.
As dívidas com os bancos representam a maior parte dos débitos da companhia, em especial com o Santander.
No dia 22 de maio deste ano, o juiz Maurício Póvoas, que acompanha o processo de recuperação judicial da Busscar suspendeu a Assembléia Geral dos Credores que indicava para a rejeição do plano proposto pela empresa.
A negativa ao plano implicaria em decretação da falência da empresa.
O Sindicato dos Mecânicos de Joinville, em assembléia com os trabalhadores, já havia declarado que ia votar contra as propostas da Busscar.
O que mais levantou polêmica entre os credores foram os descontos sobre os débitos sugeridos pela fabricante.
Esses descontos variavam entre 5% e 95%, além da carência para o pagamento das dívidas, de acordo com o sindicato, que não eram compatíveis com a legislação sobre falências e recuperações judiciais.
Para os trabalhadores, os descontos em alguns casos chegariam a 37%.
Os números de produção estimados pela Busscar também foram apontados como fora da realidade da empresa.
A Busscar planejava produzir este ano 1,8 mil carrocerias com receita de R$ 335,6 milhões. A empresa contaria com a concretização de um plano do BNDES para financiar ônibus para a Guatemala. O total de financiamentos seria de R$ 400 milhões para diversas marcas de carrocerias de ônibus, sendo que a Busscar receberia R$ 120 milhões. Mas o plano ainda não saiu do papel pelo BNDES.
Em 2014, a Busscar planejava faturar R$ 1 bi com 4,5 mil carrocerias de diversos portes.
Hoje em retração, o mercado de ônibus deve ganhar fôlego novamente em 2013, quando devem passar os efeitos da mudança de legislação ambiental que tornaram os ônibus mais caros e provocaram uma corrida no ano passado de frotistas para anteciparem as renovações de veículos. Também a partir de 2013, devem se intensificar boas perspectivas em relação à Copa do Mundo de 2014, Olimpíadas de 2016, licitações de sistemas de transportes e modernização nos serviços de mobilidade.
O juiz suspendeu a assembleia diante da perspectiva de apresentação de propostas de três grupos econômicos para fazerem parte do comando da Busscar: um chinês (Shandong Heavy Machinery Group), um do setor de ônibus (representado pelo empresário José Boiko) e outro de credores unidos.
As propostas serão analisadas em cerca de um mês e uma nova assembléia deve ser realizada em agosto.
A empresa é de propriedade da família Nielson, fundadora da companhia em 1946.
A família já se mostrou propensa a continuar nos negócios e diz acreditar na recuperação fabricante de carrocerias de ônibus.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Gustavo Cunha disse:

    Boa noite !

    Inocentes os que apostam e torcem pela falência. Será apenas o fim, de uma das etapas do Calvário a ser enfrentado.

    Abçs.

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