Marcopolo amplia em R$ 100 milhões o total de investimentos

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Ônibus da Marcopolo em garagem no município de Mauá, na Grande São Paulo. Apesar de o ano de 2012 ser fraco para o mercado geral de ônibus, encarroçadora está otimista para os próximos anos e espera crescimento tanto nas vendas internas como nos negócios no exterior. O total de investimentos previstos até 2016 foi ampliado de R$ 350 milhões para R$ 450 milhões. Foto: Adamo Bazani

Marcopolo vai ampliar em R$ 100 milhões o total de investimentos
Decisão é por conta das expectativas de crescimento do mercado a partir do próximo ano e total passa para R$ 450 milhões

ADAMO BAZANI – CBN

O ano de 2012 realmente não tem sido favorável às fabricantes de ônibus no Brasil.
A produção está em baixa. De acordo com a Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, que reúne as montadoras, a produção de ônibus entre janeiro e maio deste ano caiu 18%, com 3 mil 460 unidades, em comparação ao mesmo período de 2011.
Uma queda já era esperada pelos fabricantes tanto de chassi como de carrocerias.
Além da crise econômica global, com foco desta vez na Europa, que fez com que no início do ano as operações de crédito fossem mais seletivas, causando impactos no sistema produtivo e financeiro, o setor tem problemas próprios. O principal deles, apontado pelos industriais, é o início de uma nova legislação que impõe limites para a emissão de poluentes.
Em janeiro de 2012, o Proconve – Programa Nacional de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores, do Conama – Conselho Nacional do Meio Ambiente, entrou em sua fase P 7, baseado nas normas Euro V.
Os ônibus, abastecidos com diesel S 50, com 50 partículas de enxofre por milhão, emitem até 60% menos óxidos de nitrogênio (NOx) e 80% a menos de materiais particulados.
No entanto, estes ônibus são entre 10% e 15% mais caros que os da tecnologia que poderia ser produzida até 31 de dezembro de 2011 e comercializada até 31 de março de 2012.
Frente a estas mudanças, no ano passado os empresários correram e anteciparam as renovações de frotas previstas para 2012, com o objetivo de aproveitarem as últimas unidades com preço menor.
Mas duas considerações são importantes. Se a indústria hoje vende menos é porque no ano passado vendeu mais, acima do “normal”. Mesmo a queda sendo maior que as expectativas, é fato que montadoras, encarroçadoras, distribuidoras, concessionários e revendedores que souberam fizeram caixa.
Mesmo assim, empresas como Scania e Mercedes Benz paralisaram por algumas vezes as linhas de produção. A Mercedes Benz anunciou que suspendeu as atividades de cerca de mil e 500 funcionários com pouco tempo de casa até novembro. Eles continuam recebendo salários, mas sem o recolhimento de INSS e FGTS e não estão na fábrica e sim em cursos profissionalizantes.
É uma maneira, encontrada junto com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, de evitar que essas pessoas sejam demitidas.
Outra consideração importante é que esse efeito do Euro V vai passar.
Além de as empresas continuarem renovando suas frotas, há estimativas de fatos que podem fazer com que a produção de ônibus volte a bater os recordes históricos de 2011.
Entre eles:
• Modernização da Mobilidade: por conta da Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016, as cidades estão fazendo agora o que deveriam já ter feito há muito tempo pelos seus contribuintes que é melhorar os transportes. Assim estão previstos corredores de ônibus do tipo BRT (Bus Rapid Transit) que oferecem veículos mais modernos, articulados e biarticulados, com mais tecnologia, conforto e também com maior valor agregado (bom para a indústria)
• Reformulação do Finame PSI: A flexibilização da linha de financiamento do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, com prazos maiores e cobertura que pode chegar a 100% do valor do ônibus também agrada os empresários do setor e a indústria.
• Turismo e fretamento: A Copa do Mundo, as Olimpíadas e o crescimento da renda de parte dos brasileiros devem incrementar o setor de fretamento e turismo aquecendo as vendas de diversos tipos de ônibus com características rodoviárias, como os minionibus de luxo para transfers entre hotéis e aeroportos e dentro das cidades como ônibus de grande porte, a exemplo dos DD, de dois andares.
• Licitação da ANTT – Agência Nacional dos Transportes Terrestres: Apesar da reclamação por parte da Abrati – Associação das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros sobre diversos pontos do edital, se caso sair do papel, a licitação vai mexer num universo de mais de 6 mil ônibus rodoviários que servem linhas interestaduais e internacionais. Boa parte da frota é bem antiga e entre as exigências do edital está a renovação desses ônibus que devem ter idade máxima de 10 anos e média de 5 anos.
• Licitações locais: As cidades estão sempre em licitações de transportes e grandes sistemas, como o da capital paulista, o maior do País, com cerca de 15 mil ônibus e microônibus municipais, deve ter os contratos renovados.
• Eleições: As eleições municipais de 2012 não têm sido suficientes para aquecer o mercado este ano, mas sem elas, a situação ia ser pior. Em 2014 há eleições estaduais e federais e sempre neste período as empresas, mesmo sem licitações, acabam sendo obrigadas a renovar as frotas pelo poder público que sabe que a qualidade (ou pelo menos a imagem) dos transportes influencia os índices de aprovação ou não por parte do eleitor.

Várias fabricantes de ônibus vislumbram esse cenário.
A Marcopolo, que lidera a produção de carrocerias no País, anunciou à imprensa nesta quarta-feira, dia 13 de junho, que reviu seus investimentos até 2016, ampliando em R$ 100 milhões as ações de modernização da produção, incremento de tecnologia nos produtos e processos fabris e ampliação das plantas, agora num total de R$ 450 milhões.
Segue o informe da empresa:
Com o objetivo de estar preparada para a maior demanda por ônibus que deverá ocorrer nos próximos anos e para atingir as metas de crescimento dos negócios planejados, a Marcopolo reviu o seu plano de investimentos e vai aplicar R$ 450 milhões em suas operações até 2016, em vez dos R$ 350 milhões anunciados no segundo semestre do ano passado.

De acordo com José Rubens de la Rosa, diretor-geral da Marcopolo, essa ampliação dos investimentos em mais R$ 100 milhões se deu em razão do agressivo plano de crescimento da empresa para os próximos anos, no Brasil e no exterior, e também pela perspectiva de maior demanda que o mercado brasileiro deverá ter até 2016. “A demanda por ônibus em todo o mundo deverá aumentar, não de maneira linear e nem em todas as regiões e, por isso, precisamos ser eficientes e competitivos para ter o produto certo para cada mercado em expansão.”

“A Marcopolo, assim como qualquer empresa brasileira que queira ser competitiva internacionalmente, precisa buscar constantemente níveis mais elevados de produtividade, economia de escala, automação, com forte foco na redução de custos e na qualificação e formação profissional. Esses são os principais drivers da nossa companhia e a ampliação dos investimentos é justamente para aproveitar as sinergias que o mercado brasileiro oferece hoje e nos tornarmos ainda mais competitivos. Com isso, ganha o País, o nosso cliente, a empresa, os nossos colaboradores e as comunidades nos locais onde estamos instalados”, salienta de la Rosa.

Os novos investimentos serão aplicados principalmente nas unidades de Caxias do Sul, onde a empresa possui duas fábricas, e na instalação de uma nova operação fabril, em São Mateus, no Espírito Santo, para a produção de miniônibus – da Unidade de Negócio Volare, com foco na exportação. “Somente nas fábricas de Caxias do Sul aplicaremos R$ 100 milhões em 2012 e 2013. Construiremos novas instalações administrativas, um novo e moderno centro logístico e um novo centro de treinamento e formação profissional, além do desenvolvimento e lançamento de novos produtos e da aquisição de equipamentos de última geração para diversos setores das fábricas”, destaca o CEO da Marcopolo.

Com foco na ampliação dos negócios no exterior e no aumento das exportações, parte dos novos investimentos será dedicada à Unidade de Negócio Volare que vai instalar uma nova linha de montagem no Espírito Santo, na cidade de São Mateus.

Segundo o diretor da Volare, Milton Susin, a perspectiva de crescimento no mercado externo, sobretudo na América Latina, fez com que a marca precisasse ampliar a sua produção em um local que permitisse maior competitividade no mercado internacional. “A decisão por instalar uma unidade nessa região se deu em razão da questão logística de insumos e por ser próximo ao porto, o que é fundamental para quem visa o mercado externo. A fábrica vai fazer veículos para a exportação para atender à demanda crescente pelos nossos produtos em países da América do Sul e África, além das regiões Norte e Nordeste”, explica Susin.

R$ 1 bilhão em investimentos entre 2007 e 2016

Com a ampliação do programa de investimentos anunciados até 2016, a Marcopolo atingirá montante de R$ 1 bilhão no período entre 2007 e 2016. Isso demonstra o foco da empresa na busca constante pela inovação, lançamento de novos produtos, modernização de suas unidades fabris, elevação dos padrões de competitividade, produtividade e na qualificação profissional de seus colaboradores.

A empresa, que tem meta para atingir receita líquida consolidada de R$ 6 bilhões até 2016, aumentou a sua receita de R$ 2,1 bilhões (em 2007) para R$ 3,6 bilhões (previstos para este ano). A produção passou de cerca de 18 mil unidades para 32,5 mil (previsão para 2012), com perspectiva de superar 40 mil unidades até 2016 (em todas as unidades no mundo).

A Marcopolo é um dos principais fabricantes de ônibus do mundo com operações no Brasil, África do Sul, Argentina, Austrália, China, Colômbia, Egito, Índia, México e Rússia. A empresa conta com mais de 18 mil colaboradores em todo o mundo e registrou receita líquida de R$ 3,368 bilhões, em 2011, com a produção de 31.526 unidades.

Texto Inicial: Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes
Texto do Informe da Marcopolo: Secco Consultoria

Comentários

Comentários

  1. Josue Marcio Lopes disse:

    Da gosto de

  2. Josue Marcio Lopes disse:

    Da gosto de ver empresas anunciando investimento enquanto todo mundo fala de crise

  3. Gustavo Cunha disse:

    Boa tarde !

    Tire o “s” da palavra crise e, esta tornar-se-á, crie.

    Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

    Simples jargões, porém oportunos aqui.

    Abraço.

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