Queda nas exportações de ônibus está acima do esperado

chassis

Além de um mercado interno desaquecido por conta das antecipações de renovação de frota realizadas no ano passado em decorrência da mudança de tecnologia de restrição de emissão de poluentes que deixou os ônibus mais caros em 2012, o ano assusta pela desaceleração nas exportações. As duas montadoras localizadas no ABC Paulista registraram queda de 28% nos embarques entre janeiro e abril deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado. Crise internacional e política cambial são apontadas como as principais causas. BNDES e Bradesco assinaram convênio para que o banco privado ofereça a linha Exim Automático que financia exportação de bens de capital, entre os quais, ônibus. Bradesco deve operar na América Latina e na África. Foto: Aero Foto BR (Pátio da Scania em São Bernardo do Campo).

Exportações de ônibus pelo ABC Paulista caem 28% e BNDES firma contrato para a venda dos veículos na África e América Latina
Crise na Europa e instabilidades no câmbio são os principais motivos para a redução dos embarques de ônibus

ADAMO BAZANI – CBN

Não! Desta vez não culpe o Euro V pelo fracasso de vendas de ônibus em 2012.
A queda de 28% no total de exportações de ônibus produzidos pela Mercedes Benz e Scania nas plantas de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, nada tem a ver com a mudança de tecnologia que segue os padrões Euro V de redução de emissão de poluentes, dentro da fase P 7 do Programa Nacional de Controle de Emissão de Poluentes – Proconve.
Os ônibus fabricados neste ano estão menos poluidores, porém mais caros o que fez com que no ano passado, os donos de frota corressem para antecipar as renovações de seus veículos e aproveitassem as últimas unidades com tecnologia baseada nas normas Euro III e que eram entre 10% e 15% mais baratos.
A culpa agora é da Grécia….. Grécia, Espanha, zona do Euro, sinal de alerta nos Estados Unidos e também da política cambial.
O primeiro quadritrimestre deste ano foi desastroso em relação às exportações que até então vinham sendo vistas como tábuas de salvação para a indústria de ônibus que, no Brasil, não deve conseguir os mesmos êxitos de 2011.
Embora, diga-se uma verdade: o ano de 2011 não foi normal. Ele foi aquecido de forma significativa por conta das renovações antecipadas e a indústria sabia que 2012 não seria um oásis. Além disso, a indústria obviamente fez um “caixa” das vendas a mais.
Quanto às exportações, a indústria também sabia que os fantasmas cambiais e do Velho Continente iam assustar, mas nem tanto.
Os números são decepcionantes.
Essa queda de 28% nas exportações de ônibus a partir de São Bernardo do Campo significa um grande peso para a cidade. Os chassis de ônibus representam 10% da pauta de exportações do polo automotivo do ABC.
Já a queda na venda de caminhões para outros países também foi expressiva na região: 14%.
Os principais mercados dos veículos pesados do ABC são o México, com queda de 9%, Estados Unidos, com retração de 14% e Alemanha com 14% menos de vendas.
O ABC Paulista como um todo foi afetado pela baixa nas vendas para o exterior: a queda global foi de 8% entre janeiro e abril deste ano em comparação a igual período de 2011.
As vendas para os estrangeiros entre janeiro e abril do ano passado somaram US$ 2 bilhões 192 milhões 407 mil enquanto este ano, no mesmo intervalo, foram de US$ 2 bilhões 11 milhões 585 mil.
As taxas de câmbio deixam o ônibus brasileiro (e qualquer outro produto nacional) mais caro no exterior.
O real valorizado interfere na competitividade do produto brasileiro. Os compradores precisam de mais dólares para adquirirem os mesmos bens nacionais.
A atual queda do real frente ao dólar é vista como positiva pela indústria, mas em partes.
Isso porque os reflexos de uma desvalorização cambial demoram a ser sentidos e outro motivo é que as taxas de câmbio variam muito.
Não há garantia para pensar no médio prazo. Hoje o real pode estar se desvalorizando e amanhã recuperar os patamares antigos.

BNDES FIRMA PARCERIA COM MAIS UM BANCO PARA EXPORTAÇÃO DE ÔNIBUS

O BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social anunciou que firmou parceria com o Bradesco para oferecer a linha Exim Automático.
A linha de crédito é de até US$ 200 milhões e será repassada por agências internacionais do Bradesco para compradores externos que optarem pelos produtos brasileiros no setor de bens de capital: máquinas e implementos agrícolas, máquinas e equipamentos industriais, máquinas rodoviárias, geradores, transformadores, produtos de telecomunicações, caminhões e ônibus.
O Bradesco deve atuar com esta linha no continente africano e em países da América Latina.
O BNDES Exim Automático existe desde 2010 e operando com 30 instituições já financiou desde então US$ 1,4 bilhão.
Os bancos assumem os riscos de seus clientes onde eles têm agentes em outros países. O empréstimo é concedido às empresas brasileiras que vão exportar após os produtos serem embarcados. Os exportadores recebem à vista e em reais.
Os prazos para o pagamento dos empréstimos são de até cinco anos.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. leonardo-pe disse:

    mas isso era esperado.nem as eleições irão salvar esse terrivel 2012 para as montadoras de caminhões e onibus.estamos pagando e muito caro pelo”pulo do gato”(da Euro 3 para a Euro 5)!

  2. Pedro disse:

    Adamo, O governo de SP, tem um plano de trocar toda frota de onibus até 2018 para onibus não poluentes, mas pelo que conheço deste governo, com certeza isto so deve e se acontecer so a partir de 2018, então as empresas não tem intere-se em substituir os velhos e poluentes onibus atuais, neste momento, então durante os proximos 5 ou 6 anos vamos andar nas sucatas atuais, minha pergunta um governo que em 8 anos não conseguiu substituir 100 onibus eletricos, como pretende substituir 15 mil onibus em 6 anos?, já não deveriam começar as mundanças neste momento até pelo momento economico em que vivemos.

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