História

VVR: ônibus, um Grande Professor !

ônibus e caminhões antigos

Uma das relíquias apresentadas pela VVR. Ônibus podem não só contar histórias, mas serem fios condutores para a discussão do dia a dia das pessoas, por estarem presentes nele. É o que comprovou educador que levou crianças em situação de risco atendidas pela entidade que trabalha. Estas discussões só foram possíveis graças ao trabalho de apaixonados pelos transportes, que guardaram veículos, fatos, dados e imagens no setor tão influente no cotidiano do cidadão. Foto: Adamo Bazani

Ônibus, um Grande Professor
Educador aproveita exposição de ônibus e caminhões antigos para dar noções de cidadania e história para crianças em situação de risco. Evento foi oportunidade para discutir temas relacionados ao transporte. O pesquisador Mário dos Santos Custódio, que tem acervo de mais de 20 mil fotos histórica fala sobre os problemas da padronização das pinturas de frotas

ADAMO BAZANI – CBN

ENTREVISTA COM O EDUCADOR ROBERTO CAMARGO


ENTREVISTA COM MÁRIO CUSTÓDIO

O primeiro dia da edição 2011 da VVR – Viver, Ver e Rever, exposição de ônibus e caminhões antigos que ocorre anualmente no Memorial da América Latina, em São Paulo, foi uma oportunidade de discutir vários problemas dos transportes usando a experiência do passado para projetar um futuro melhor e para também levar aa tona, pela história do setor outras questões, como cidadania e o desenvolvimento das cidades brasileiras.
Foi essa a proposta do educador Roberto Camargo. Ele atua num abrigo para crianças em situação de risco na região do Butantã, na Capital Paulista.
Roberto levou um grupo destas crianças para visitar a exposição e as aulas foram sobre diversos temas, mas de forma lúdica e descontraída. Tudo isso pelo valor da história do ônibus.
“O ônibus é um instrumento de educação. Nosso objetivo é formar pessoas que vão usar os transportes coletivos e o ônibus permite um resgate histórico das cidades e também da história das famílias destas crianças. É possível reconstruir e discutir a realidade do dia a destras crianças usando o ônibus como fio condutor que puxa outros assuntos” – disse Roberto.
Para o educador da Liga Solidária, conhecida como Liga das Senhoras Católicas, a tarefa foi prazerosa.
Ele é um apaixonado pelos transportes e, assim como as crianças, se deliciava com o passeio e se entusiasmava a cada modelo de ônibus e caminhão antigo ou mesmo mais moderno.
Para ele, eventos como a VVR aumentam o vínculo entre crianças e educadores e que andar de ônibus é muito mais que se deslocar pela cidade.
“Andar de ônibus é um grande exercício, é se relacionar com outras pessoas” – disse o educador.

HISTORIADORES NATOS:

Muitas destas discussões e eventos como a VVR são possíveis graças a paixão e dedicação de expositores e pessoas que se dedicam em registrar fatos e imagens dos transportes.
Um destes historiadores é Mário dos Santos Custódio.
Ele possui um acervo histórico de mais de 20 mil fotos próprias de ônibus.
Não são imagens pesquisadas em órgãos de imprensa, acervos ou internet, foram por ele produzidas.
Mário dos Santos Custódio começou a fotografar ônibus em 1975. Época difícil.
“Não era como hoje, com a máquina digital, que permite com que a pessoa apague a foto que saiu ruim e não tenha gastos com revelação. Era cara a revelação, o filme não era barato” – contou.
Mas a paixão valeu a pena.
O trabalho de Mário dos Santos Custódio é referência em história dos transportes e hoje ele se destaca dando palestras e discutindo dos temas relacionados com os transportes e com o dia a dia das pessoas.
Mário Custódio intensificou seu trabalho de fotografia nos anos de 1980.
Ele pegou uma fase de transição entre a época que cada empresa tinha sua própria identidade e a atual, das padronizações de pintura, as quais ele levanta uma série de observações.
“Pela experiência histórica e profissional que temos, vemos que o ideal é as empresas terem seu padrão e não a cor do poder público para maior identificação por parte do passageiro. As pessoas identificam o ônibus já quando ele está bem perto do ponto.” – diz Mário que afirma que com isso, os transportes apresentam mais custos, como com freios e combustíveis pelas paradas bruscas que os motoristas têm de fazer pela dificuldade do passageiro.
Mário Custódio viaja pelo exterior analisando outros sistemas e diz que no exterior as padronizações de pinturas estão se revertendo.
“No exterior, onde vimos uma padronização muito forte, isso já está sendo mudado. Por exemplo, na Espanha existe uma padronização, mas agora só na parte de trás do ônibus. A maior parte é da empresa” – conta Mário.
Ele afirmou que toda a empresa deve ter um marketing de comunicação visual como forma de identificar sua qualidade e com as companhias de ônibus não é diferente.
Várias cidades no Brasil, no entanto, que permitiam que empresas tinham suas próprias cores obrigam que os ônibus assumam cores, muitas vezes de partidos políticos dos comandantes de cada executivo.
História, emoção, discussão, conscientização e cidadania. Estas foram algumas das marcas da VVR.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.

Comentários

Comentários

  1. Roberto SP disse:

    Em primeiro lugar quero agradecer a oportunidade de poder falar do meu trabalho nesse espaço, agradecer pela oportunidade de poder mostrar que a busologia também pode ser usada para educar, formar cidadãos e divertir-se ao mesmo tempo. Meu muito obrigado ao blog e mais especialmente ao Adamo, Forte abraço.

  2. A alegria é nossa em saber que há educadores como você que não pensam apenas num emprego, mas veem ana edfucaçãoa oportunidade correta para ser construída uma sociedade melhor!

    O ônibus realmente não é um veículo, é um agente na sociedade e sob sua imagem pairam as realidades,, cotidianos e explicações para mnuitos fatos e oportunidades para várias discussões, não só sobre transportes.

    Abração. neste domingo estarei à tarde. espero rever mais amigos.

  3. Rafael Asquini disse:

    Ádamoi. Foi uma honra tê-lo como companheiro de almoço hoje ao lado de amigos como Kaio Castro (SP), Lucas Pereira (Curitiba) e Diego Batista (Cosmópolis). O domingo promete mais. Abração!

  4. Bela matéria Adamo!
    Todos esses anos, fico lendo o que passou nas VVR’s e me surpreeendo com o que tem de bom por lá!
    Espero ano que vem comparecer a esse grande evento!
    Abraços
    ;)

  5. Bela entrevista do amigo Mário Custódio que realmente é um doutor no assunto e também pelo vasto acervo que ele possui de fotos raras.
    Abs,
    William

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