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BRT PODE SER MELHOR QUE O METRÔ, DIZ REVISTA BRITÂNICA THE ECONOMIST

="BRT é melhor que metrô e trem em várias situações. É o que conclui um estudo divulgado pela revista britânica “The Econmists”, uma das publicações mais respeitadas do mundo sobre economia e governos. De acordo com o relatório, o BRT tem vantagens por ser mais barato para implantar e operar, não exigindo subsídios do dinheiro público e podendo se sustentar, por ter obras que causam menos impactos ambientais, e, com menos recursos, poderem atender a um número maior de pessoas e em áreas mais distantes, o que revela também um papel de inclusão social do BRT, possibilitado melhor acesso desta população a serviços como saúde, educação e lazer. O estudo não se coloca contra o metrô, mas alerta que, pelo seu custo, ele deve ser implantado em regiões que realmente necessitem deste meio de transporte e cita Curitiba, como exemplo. Para os pesquisadores, seria mais interessante a prefeitura ampliasse o sistema já instalado de BRT, e que “é seguido pelo resto do mundo” que neste momento criasse uma linha de metrô, como vem anunciado ao custo de R$ 2,25 bilhões. FOTO: Osvaldo Palermo

Sistema de BRT é mais viável que Metrô
Conclusão é de estudo divulgado pela revista The Economist, uma das mais respeitadas do mundo. Para os especialistas, em várias situações o ônibus em corredor chega a ser mais eficiente, além de não exigir grandes recursos.

ADAMO BAZANI – CBN

Um estudo divulgado nesta quinta-feira, dia 03 de novembro de 2011, pela revista Britânica The Economist que levou em consideração o posicionamento de vários técnicos e engenheiros especializados em transportes revela que o sistema de ônibus em corredores exclusivos, que permitem maior velocidade operacional e mais conforto aos passageiros desde o momento que aguardam a condução, são mais eficientes e baratos que o metrô e o trem em diversas situações.
Para demandas entre 300 mil e 600 mil passageiros em todo o sistema de transportes, a revista diz que o corredor de ônibus do tipo BRT (Bus Rapid Transit) é mais vantajoso por vários motivos:
– CUSTOS: A implantação é mais rápida e exige obras de menor custo e a operação também é economicamente mais viável. Isso porque, de acordo com os estudiosos, um sistema de BRT bem elaborado deixa os transportes mais baratos que por ônibus em linhas convencionais (que enfrentam trânsito) e muito mais em conta que a operação de trem e metrô. Assim, segundo o estudo, o BRT se sustenta e o metrô não. Além das passagens, o metrô exige subsídios entre US$ 1 e US$ 3 por passageiro.
– DISTRIBUIÇÃO DE INVESTIMENTOS: O valor para implantar um sistema metroferroviário beneficia uma demanda e uma região específica. Já, pelo fato de o BRT ser mais barato, o mesmo valor que o metrô exige pode beneficiar mais pessoas e áreas maiores, caso seja investido em ônibus.
– INCLUSÃO SOCIAL: O sistema de ônibus proporciona mais benefícios sociais justamente pelo fato de por ser mais barato, o BRT atende a áreas maiores com menos investimentos. Assim, ele pode chegar a comunidades mais distantes das regiões centrais e mais carentes de recursos e serviços sociais. O ônibus então se torna o elo entre a população destas áreas e equipamentos de saúde, educação, lazer, entre ouros direitos básicos. Além disso, os ônibus em sistema de BRT não exigem obras tão complexas e podem ser instalados em locais onde tecnicamente não é possível colocar estruturas mais elaboradas como trem e metrô.
– CAPACIDADE DE ATENDIMENTO: Ainda segundo a The Economist, a capacidade de atendimento de um BRT moderno (com estações que permitem pagamento da passagem antes do embarque no veículo, pavimento especial e possibilidade de uso de ônibus maiores) pode ser equiparada a do metrô. Justamente pela flexibilidade do sistema. O BRT pode ter ramais de maior extensão e se adaptar mais facilmente às mudanças econômicas e de demanda. Se a população e o nível de atividade econômica crescem em uma determinada região, é possível mudar a rota do BRT com mais facilidade e estendê-lo até esta região. Com obras metroferroviárias isso se torna mais caro e difícil.
– GANHOS AMBIENTAIS: O impacto de uma obra de BRT é menor no meio ambiente que as obras de um metrô ou trem. Quando se fala em ganhos ambientais, logo se pensa na operação dos veículos. Mas a quantidade de materiais de construção e a alteração do solo, do espaço urbano e até mesmo de sistemas pluviais, que agridem também o meio ambiente, são pouco levadas em consideração. Além disso, o BRT pode substituir mais carros pelo fato de atender a áreas maiores e mais distantes.
A revista The Economist não se coloca contra o metrô e trem, mas defende a utilização destes modais em demandas e áreas que realmente precisam destes modos de transportes para não haver desperdício de dinheiro público, de tempo e não beneficiar apenas áreas restritas e cita o caso de Curitiba, no Paraná.
Mesmo com a prefeitura anunciando a construção de uma linha de metrô, a revista diz que o ideal para a cidade seria modernizar e expandir o sistema de BRT que já está instalado e que “foi seguido pelo resto do mundo”.
Opinião semelhante é de Garrone Reck, professor do Departamento de Transportes da Universidade Federal do Paraná _ UFPR. À Rede Globo, ele disse que o metrô não resolveria o problema de saturação do transporte. Isso porque seu benefício seria para uma demanda pontual.
“Ampliar e modernizar o BRT seria uma solução bem mais rápida e custaria um décimo do metrô com resultado equivalente” – disse o especialista.
O metrô anunciado pela Prefeitura de Curitiba, chamado de Linha Azul, terá em sua primeira fase 14 quilômetros de extensão e custará R$ 2,25 bilhões beneficiando entre 300 mil e 500 mil passageiros por dia.
Muito custo para uma área pequena e uma demanda limitada, segundo os especialistas.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.

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