MANUTENÇÃO QUE DINAMIZA E SALVA VIDAS

Volvo B 10 M Volvo B 12 M

Dois ônibus Volvo de gerações diferentes, na Leblon Transportes de Passageiros, em Mauá, na Grande São Paulo. Manutenções preventivas são essenciais para garantir retorno econômico para as empresas, confiabilidade e segurança para os passageiros, funcionários e comunidade, minimizando as chances de quebra e riscos de acidentes e também com benefícios ao meio ambiente, descartando menos peças e regulando as emissões. Uma boa manutenção pode deixar um ônibus mais antigo tão bom quanto o novo. À esquerda um modelo Volvo B 10 M, com carroceria Busscar, antecessor do modelo à direita, um Volvo B 12 M, encarroçado pela Marcopolo. Foto: Adamo Bazani.

Pós venda e prevenção, os segredos para um serviço de transportes sem sustos
Relacionamento entre concessionárias e empresas de transportes está cada vez mais próximo e permite economia para as viações, ganhos para as autorizadas e tranquildade para os passageiros
ADAMO BAZANI – CBN
Ainda hoje não é raro o passageiro, na corrida rotina das cidades, estar com pressa, o trânsito complicado e o ônibus, mesmo novo, repentinamente quebrar atrapalhando a vida de quem depende de transporte público e de quem está no carro e enfrenta um congestionamento ainda maior por conta de o ônibus ficar parado no local.
Pelas condições de operação que muitas linhas apresentam, é impossível esperar que os ônibus nunca apresentem problemas e quebrem. Por isso, as companhias são obrigadas a ter equipes de socorro que resolvam os problemas na hora ou reboquem o ônibus.
No entanto, muitas destas quebras no meio da rua e transtornos aos passageiros podem ser evitados pela manutenção preventiva.
Muitas empresas estão cientes disso e começam a investir ainda mais nesta área.
Além dos investimentos na capacitação da própria equipe e aperfeiçoamento dos métodos de trabalho, o setor registra mais um avanço: o trabalho de pós venda das concessionárias e o maior relacionamento entre autorizadas e operadoras.
O BLOG PONTO DE ÔNIBUS falou com os dois lados, uma transportadora de passageiros e uma revendedora e autorizada: Leblon Transportes e Auto Sueco, concessionária da Volvo.
O diretor da Auto Sueco confirma este relacionamento maior entre empresas que atendem aos passageiros e as representantes das montadoras.
Mário Oliveira disse que o pós venda e a manutenção preventiva são a alma do negócio de qualquer companhia.
O Grupo Auto Sueco registrou aumento significativo nos serviços de pós venda: o crescimento em 2011 foi de 26% em relação a 2010, segundo a concessionária. Destaque para as vendas de peças que subiram 22% e para o de prestação de serviços, que teve alta de 46%, o que indica não apenas um número maior de ônibus e caminhões atendidos como também a preocupação do frotista em relação a manutenção correta dos veículos.
Tanto é que, segundo a Auto Sueco, metade da quantidade dos caminhões vendidos pela concessionária já contempla um plano de manutenção oferecido pela autorizada.
“O número vem crescendo gradativamente: em 2009 tínhamos 846 planos em atividade e este ano já são 1.859, sendo que 573 contratos foram feitos no terceiro trimestre de 2011”, explica Mário Oliveira.
Na outra ponta, a do operador, a manutenção preventiva é encarada também como a principal ação para evitar problemas de quebras no meio do caminho, oferecer qualidade no atendimento ao passageiro, segurança evitando inclusive acidentes e também de respeito do meio ambiente.
Motores regulados, filtros trocados e peças bem conservadas evitam a emissão excessiva de poluentes não só no ar, mas também no solo, exigindo menos substituições por problemas e impedindo vazamento de fluidos prejudiciais ao meio ambiente.
“A manutenção preventiva numa empresa de ônibus é a continuidade do trabalho do fabricante e do recomendado por ele. Mas as empresas devem ter iniciativas e as revisões variam de acordo com o tipo de operação, linhas e áreas atendidas” – explicou Waldemir Padilha, coordenador de manutenção da Leblon Transportes.
Ele conta que além de seguir o recomendado pelo fabricante, as empresas devem analisar sua condição de operação.
Waldemir explica que, basicamente há três classes que determinam de quanto em quanto tempo e em qual quilometragem devem ser feitas as manutenções:
– GRUPO 1: Condições boas
– GRUPO 2: Condições mais severas
– GRUPO 3: Condições extremas.
“O plano de manutenção preventiva leva esses fatores em consideração. E dependendo do lugar a ser atendido, é um plano diferente para o mesmo modelo” – conta.
Ele faz um comparativo entre os mesmo modelos que circulam na unidade da Leblon em Mauá e na unidade de Fazenda Rio Grande – Curitiba.
“A manutenção preventiva geral do Volkswagen 17-230 EOD de Mauá é feita a cada 6 mil quilômetros. No Paraná, a cada 7 mil quilômetros. Em Mauá há linhas com percurso muito íngreme e uma qualidade de viário problemática em alguns trechos. Em Curitiba a situação já é mais tranqüila. Já com o Volvo B 12 M ocorre exatamente o oposto: em Curitiba a manutenção deve ser feita em um prazo menor, isso porque os articulados B 12 M entre Curitiba e Fazenda Rio Grande fazem linhas de 40 quilômetros e em alguns trechos a velocidade pode chegar a 70 quilômetros por hora. Já em Mauá, as linhas de articulados Volvo B 12 M são retas, sem tantos desníveis e aclives, a velocidade é em torno de 40 km/h e as viagens são de 4 quilômetros de extensão cada. Assim, o B 12 M no Paraná, recebe manutenção preventiva completa a cada 5 mil quilômetros e em Mauá, a cada 7 mil quilômetros – conta.
Waldemir também explicou que a quilometragem e o tempo de revisão variam de acordo com cada modelo, dentro de suas condições operacionais.
No caso de Mauá, ele cita os exemplos.

– 9 – 150 : micro-ônibus Volkswagen, revisão a cada 4 mil quilômetros, pelo tipo do veículo e também pelas linhas que atende serem mais severas
– 15-190: midi ônibus (entre o micro e o convencional) Volkswagen: 5 mil quilômetros, também pelas linhas mais severas
– 17-230: ônibus convencional Volkswagen: 6 mil quilômetros pro conta do viários com problemas.
– B 12 M: ônibus articulado Volvo: 7 mil quilômetros. As linhas são melhores e o veículo é considerado mais forte, embora requer cuidados por boa parte dele ser eletrônica e computadorizada.
Waldemir alerta que o fato der a empresa escolher seus prazos de manutenção preventivas não anula os determinados pelos fabricantes, como trocas de óleo.
QUAIS AS PEÇAS?

Waldemir Padilha, coordenador de manutenção da Leblon de Mauá, explica que todos os elementos do ônibus são revisados no trabalho preventivo, mas ganha, destaque as seguintes ações:
– trocas de filtros de ar, óleo e combustível, que além de oferecerem mais confiabilidade quanto a evitar quebras e outros problemas, se forem feitas dentro do prazo correto evitam poluição a mais no ambiente.
– verificação dos cubos de roda, que interferem diretamente na segurança dos passageiros, motoristas e cobradores e de toda a comunidade atendida pela empresa.
– troca de óleo e fluidos e que evitam sobrecarga nas peças, riscos de quebras e falhas de operação e ajudam na melhoria dos níveis de emissão.
– verificação do compressor de ar.
Waldemir alerta também para a necessidade de a empresa de ônibus não só fazer a manutenção, mas ter um controle rígido de manutenção também, ser organizada.
“O aumento da vida útil de uma peça é garantia de menores custos para a empresa, alguns custos podem ser reduzidos em 100% pois há peças que se forem bem mantidas, vão durar vida toda do ônibus, de segurança para o passageiro, evitando os acidentes, e de ganhos ambientais: além de os veículos poluírem menos, com uma peça durando mais, logo haverá menos descarte de peças inservíveis no meio ambiente” – explica o especialista.
Os critérios de manutenção não são apenas por quilometragem rodada, mas por tempo também.
“Um filtro de óleo para direção hidráulica é trocado a cada 350 dias, se não houver problemas. Já a calibragem do pneu, também se não houver nada no meio do caminho, deve ser verificada com atenção a cada 20 dias” – conta
Nos dias de hoje, a sociedade tem pressa, tem consciência de que paga pelo serviço de transportes e tem direitos. Além do mais, nada pode substituir vidas humanas.
Portanto, a manutenção preventiva é feita sim para o veículo, mas deve ter foco nas pessoas. E muitas empresas adotam essa postura, mas nem todas ainda são assim.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.

Comentários

Comentários

  1. Felipe Novaes disse:

    Precisam ensinar isso pra um certo consórcio que atua na Área 4 de SP…. impressionante como toda semana eu vejo pelo menos 1 ou 2 K270 (isso mesmo, 1 ou 2 K270) quebrados na Avenida Aricanduva…. carros relativamente novos e de qualidade sendo tratados como lixo….

  2. Bruno Quintiliano disse:

    Não tem nada a ver com a matéria, mas vocês ja viram a nova revista técnica da SPTrans? a parte que eu já li eu achei boa. tem o link na 1ª pag do site da SPTrans

  3. Pedro disse:

    Pessoal,Um motorista da Novo Horizonte, falou que estava estranhando pois os donos de onibus da cooperativa estão vendendo os poucos onibus mais novos, tipo ano 2007 e 2008, e ficando com os velhos 2005 para baixo, não posso garantir, mais quem pega onibus na zona leste, sente que de uns meses para ca, a frota envelheceu bastante, o que era para melhorar piorou, cade a fiscalização da SPTRANSTORNO.

    1. Bruno Quintiliano disse:

      posso estar enganado, mas isso parece uma manobra pra se desfazer dos bens para o caso de um bloqueio deles pela justiça. aqui na zona sul tá cada dia mais dificil não ver uma lotação da cooper pam quebrada. e a tupi sempre foi boa na manutenção. mesmo os mais velhos raramente quebram

  4. Gustavo Cunha disse:

    Boa tarde.

    Adamo, a Leblon é um, dos poucos exemplos de empresa e empresário, comprometido com a atividade, empenhados em buscar o melhor.

    Só temos a ganhar com tal exemplo, nós usuários, o poder público e, a empresa.

    Abçs.

  5. Roberto SP disse:

    Asim como o Gustavo afirmo que a Leblon pode ser considerada não só um exemplo mas também uma referencia em termos de qualidade da frota e prestação de serviço ás comunidades atendidas por ela em Mauá em Curitiba. Temos outros exemplos, mas a Leblon tem um cuidado maior com seus clientes e colaboradores. Adamo quero aqui meio que justificar as minhas ausencias nos comentários, mas sempre estou dando uma passada pra ver as noticias além disso espero mais uma vez poder ter a honra de encontra-lo na VVR desse ano, talvez levarei alguns educandos meus.

    1. Estava sentindo falta de seus comentários emsmo. Mas beleza, nos prestigiando, sempre é importante.
      Espero também nos encontrarmos com a VVR.

  6. Eu concordo! Precisas mais espaço e bem confortavel!

  7. Sérgio disse:

    Pois é, podemos dedicar essa página ao senhor Baltazar (EAOSA, Ribeirão PIres, São Camilo, Riacho Grande, e por aí vai). A manutenção dessas empresas é um absurdo. Todo dia encontramos carros quebrados pelas ruas do ABC, fora a conservação dos mesmos. Prá andar nesses ônibus vc precisa ser “Indiana Jones”. E não é só ele não, varias empresas intermunicipais do ABC estão nessa situação. Uma curiosidade a respeito da EMTU, qual a idade máxima que os ônibus intermunicipais podem ter??? Acho que por volta de 100 anos, não?? E quanto aos ônibus que perdem os freios em descidas (linha 194 – Viação São José), qual a responsabilidade aplicada a empresa????

  8. Diego Fonttana disse:

    E isso ai porque a Imigrantes na 236 Term Piraporinha – Term Sacomã, é um exemplo de museu do ônibus…….

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