Sâo Paulo é a pior. Rio de Janeiro e Curitiba são as melhores, diz levantamento

Congestionamento em São Paulo

Conte, se puder, quantos carros de passeio têm neste trecho de avenida congestionada em São Paulo. E quantas motos? – E quantos ônibus? Pouquíssimos. Esse foi o principal motivo de SÃO PAULO SER CONSIDERADA A PIOR CIDADE DO PAÍS quando o assunto é mobilidade sustentável. A falta de prioridade aos transportes coletivos e os investimentos maiores em meios individuais não só resultam em poluição, congestionamentos e perda de tempo e qualidade de vida. Mas na perda da própria identidade humana das pessoas, que escondidas em suas armaduras de metal com rodas, degladiam-se em troca de um espaço nas ruas. Foto: Divulgação.

São Paulo e Cuiabá são as piores cidades em relação a mobilidade.
Já Rio de Janeiro e Curitiba têm os melhores indicadores, de acordo com pesquisa

ADAMO BAZANI – CBN

O privilégio dado ao longo do crescimento de várias cidades, como São Paulo, ao transporte individual em vez de o transporte público de qualidade começa a render ainda mais resultados negativos, que se avolumam na mesma proporção que o problema não é encarado de maneira séria e eficaz.
O excesso de veículos particulares nas ruas, a maioria com no máximo duas pessoas, retira a qualidade de vida dos cidadãos: os deslocamentos se tornam verdadeiros desafios geradores de stress, dores no corpo e perda de tempo, o ar está cada vez mais poluído, o que provoca gastos no sistema de saúde e mortes que vitimam milhares de vidas por ano, e, na somatória disso tudo, as pessoas estão cada vez mais intolerantes.
Dentro de seus carros, tornam-se quase “justiceiras do asfalto”. Qualquer deslize não do outro motorista, mas da pessoa que com o carro briga pelo escasso espaço na rua ou avenida, é alvo de reações absurdas, como buzinaços, xingamentos e até crimes com mortes.
Esses soldados da armadura de metal movida a gasolina ou álcool voltariam a ter um senso humano e a qualidade de vida das pessoas só vai melhorar nos deslocamentos da cidade e nas rotinas urbanas como um todo pelo transporte público.
Questão óbvia: um ônibus, trem ou metrô podem retirar dezenas, centenas e milhares de carros das ruas (e seus escapamentos), aproveitam melhor o disputado espaço nas cidades, e trazem uma característica que falta nos grandes centros urbanos hoje: humanidade. Querendo ou não, os transportes públicos, oferecidos de forma decente, integram não apenas modais, mas pessoas. E além de pensarmos em cidades com sistemas de transporte e trânsito, é necessário pensarmos em cidades feitas de seres humanos.
É claro que ninguém vai deixar seu carro em casa para entrar numa estação de metrô, ser exprimido, deixar passar três, quatro, cinco composições para ser sugado para dentro da composição e na hora de sair, ser expelido por ela. Tão pouco, ninguém vai deixar seu carro para entrar num ônibus lento, barulhento, lotado, mal conservado e que fatalmente, em algum momento do dia, vai quebrar.
Por isso, priorizar os transportes públicos é sim criar linhas de trem, metrô e corredores de ônibus. Mas não é só isso, é agregar qualidade e modernidade aos transportes.
São pontos que todos dizem estar carecas de saber, mas as ações ainda são poucas.
E isso é possível quantificar por pesquisas e levantamentos, como o divulgado pelo Mobilize Brasil.

Rio de Janeiro Mobilize

Gráfico com as notas do levantamento sobre mobilidade feito pelo Mobilize

Mesmo esperados, os resultados têm de ser encarados como mais uma fonte de alerta.
De acordo com o levantamento, AS PIORES CIDADES EM REALAÇÃO A MOBILIDADE SUSTENTÁVEL SÃO DUAS: CUIABÁ E SÃO PAULO. A nota da Capital Paulista foi 02, de zero a 10.
O principal motivo foi a falta de políticas para os transportes públicos e a prioridade aos transportes coletivos.
As duas cidades que melhor foram colocadas foram: Rio de Janeiro, com nota 7,9, e em segundo lugar, Curitiba, com nota 7. A prioridade dada aos transportes públicos nas duas cidades que adotam o BRT (Bus Rapid Transit), corredores de ônibus de trânsito rápido, de fácil implantação, entre os principais meios de transportes, além das cliclovias (no caso do Rio de Janeiro) fizeram com que as cidades se destacassem positivamente.
Brasília ficou em terceiro lugar, com nota 5,1.
No meio tabela ficaram, com notas entre 3 e 4, Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre e Natal.

METODOLOGIA:

O Portal Mobilize, formado por especialistas em transportes e trânsito, avaliou as condições de mobilidade de nove capitais brasileiras. Era para ser 13, mas por falta de dados completos para comparação, Goiânia, Manaus, Recife e Fortaleza ficaram de fora.
Para chegar às notas, os técnicos levaram em consideração os seguintes pontos:

– Extensão de vias adequadas ao trânsito de bicicletas em relação à extensão do sistema viário;

– Razão entre a renda média mensal e a tarifa simples de ônibus urbano;

– Razão entre o número de viagens por modos individuais motorizados de transporte e o número total de viagens;

– Porcentagem de ônibus municipais acessíveis a pessoas com deficiência física;

– Mortos em acidentes de trânsito (por 100.000 habitantes) por ano.

As cidades que receberam as maiores notas possuem sistemas de corredores de ônibus e integram os ônibus, que servem os bairros e áreas de mais difícil acesso a outros meios de transporte de alta capacidade, como metrô e trem.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.

Comentários

Comentários

  1. Gustavo Cunha disse:

    Boa tarde.

    Sim, o amanhã chegou. Nada foi feito.

    Muito se debateu, nada foi feito.

    Medidas simples, de baixo custo poderiam ter sido tomadas, mas, nada foi feito.

    Projetos mais custosos, poderiam ter sido melhor pensados e desenvolvidos, mas praticamente, nada foi feito.

    Sim, o amanhã chegou e, nada foi feito.

    Abçs.

  2. Vamos agpra cobrar para que nosso depois de amanhã não seja piot que hoje

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