MORADORES DE SANTA TERESA NÃO QUEREM VLT. ELES PREFEREM BONDES TRADICIONAIS E ÔNIBUS
Publicado em: 14 de setembro de 2011
Moradores de Santa Teresa não querem VLT
Grupo prefere permanência dos bondes tradicionais desde que tenham manutenção adequada. Associação de Moradores sugere alteração de linhas de ônibus
ADAMO BAZANI – CBN
A proposta de implementação de um sistema de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) em Santa Teresa, no Rio de Janeiro, não agradou os moradores da região.
Eles acreditam que o VLT dos moldes atuais (O VLT não deixa de ser um bonde, porém modernizado e maior) poderia ser até mais perigoso. Isso porque, mesmo tendo tecnologia superior, ocuparia mais espaço das estreitas ruas do local.
Os tradicionais bondinhos de Santa Teresa não circulam desde o dia 27 de agosto de 2011, quando um dos veículos descarrilou e provocou a morte de 06 pessoas e ferimentos em outras 57.
A representante da Asmat – Associação dos Moradores e Amigos de Santa Teresa, Débora Lerrer, disse a Agência Brasil que a população local quer de volta os bondes tradicionais com melhorias na manutenção e nas condições de tráfego:
“A gente quer que os 14 bondes tradicionais voltem a circular e não os VLTs, que são perigosos. A gente não quer que o serviço de bondes seja privatizado, pois é essencial para os moradores”.
Débora também propôs que as linhas de ônibus que servem o bairro e região permaneçam, mas que sejam alteradas para que seus trajetos não coincidam em grandes trechos com o itinerário percorrido pelos bondinhos.
As sugestões dos moradores foram recebidas nesta terça-feira em reunião com o interventor dos bondes de Santa Teresa e presidente do Detro, Rogério Onofre.
Na reunião estiveram representantes dos trabalhadores dos setores ferroviário e rodoviário.
O presidente do Sindicato dos Rodoviários, Valdmir Lemos, disse que ao visitar o pátio onde ficam guardados os bondes, é notória a falta de investimentos no sistema.
“Estivemos na oficina e percebemos que não havia investimentos. Lá estão 6 bondinhos que foram recuperados e estão em cima de cavaletes porque estão sem condições de operar. Percebemos que falta peça de reposição e ferramentas. Faltam, também, investimentos na via permanente e na via aérea”, disse
MINISTÉRIO PÚBLICO ANALISA RELATÓRIO PARA MELHORIAS DO SISTEMA:
O promotor da Terceira Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva e Defesa do Meio Ambiente e do Patrimônio Cultural da Capital, Marcus Leal, analisa o relatório do subsecretário de Transporte e presidente da Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística (Central), Sebastião Rodrigues, sobre as ações de modernização do sistema de bondes de Santa Teresa.
O relatório traz informações sobre o cumprimento parcial das obrigações para modernização que fazem parte do contrato do Programa Especial de Trabalho (PET), da Secretaria de Transportes, para deixar os serviços de bondes mais seguros.
Em 2008, a Justiça determinou motivada por ação civil pública do Ministério Público, uma série de ações para melhoria dos bondes, linhas de transmissão, via férrea e oficinas, em condenação contra o Estado e a Central.
O subsecretário de Transporte e presidente da Central, Sebastião Rodrigues, admitiu atraso nas reformas e modernização dos bondes. Ele atribui o atraso principalmente ao fato de o Tribunal de Contas do Estado ter declarado nulo um contrato firmado com a empresa TTRANS, responsável por algumas intervenções.
Relatório preliminar de técnicos que analisam as linhas detectou desnivelamento dos trilhos, o que pode ser a causa de vários acidentes, ainda segundo o documento.
Os funcionários da Central – Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística – foram recadastrados e repassaram outras informações sobre eventuais problemas no bondes de Santa Teresa.
Com base nestes dados, é possível ter uma noção mais próxima da real sobre os custos de operação e manutenção do sistema.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes
Com todo respeito aos moradores do simpaticíssimo Santa Teresa, me remete a alguns vizinhos meus que querem manter ruas sem pavimentação. Assim, alguém tem que ser reponsável por arrumar buracos e valas pelo menos uma vez por ano e arcar com os custos respectivos.
Ah sim: também há quem diga que o asfalto não serve porque iria inundar os pontos mais baixos na época de chuvas.
Mas “…VLT mais perigoso que bonde velho…” é a primeira vez que leio.
Luiz Vilela
O sistema de bondes de Santa teresa tem a caracteristica do Bonde antigo, passando por ruas também antigas, de paralelepipedos, estreitas, no morro.
O bonde se encaixa perfeitamente ao ambiente.
O VLT necessita de mais espaço nas curvas pelo seu tamanho, impedindo o estacionamento de veículos comerciais bem antes da curva e bem depois das mesmas.
È mais pesado que o bonde, causando peocupação nas descidas.
E foge da categoria Turismo em que está focado.
Caro Luiz
OVLT nao necessita de mais espaço nas cuurvas por causa do seu tamanho. A distância do trilhos podem ser normalmente trocadas. um exemplo, em Lisboa, VLT’s e bondes circulam em bitola de 90cm ou seja distancia muito mais inferior do que ao dos bondes de santa teresa, e nem foge da categoria do turismo Porque no turismo as pessoas (turista) querem chegar a um certo ponto. Ta certo que o bonde é historio mas ta mais do que na hora da cidade fazer um UP nesses bondes
Boa noite.
Luiz e Jair, permitam-me apenas, aprender com os dois.
Bom…
Mas, vai aqui uma afirmativa:
Sem a devida manutenção, nem bonde, nem VLT, nada !!!
Luiz,
Me corrija se eu estiver errado, mas em São Francisco, nos EUA, os velhos bondinhos ainda operam ? (pelo menos é o que vejo na mídia televisiva).
Abçs.
Sim, os velhos bondinhos circulam sim. Apesar de serem usados nos deslocamentos diários por algiumas pessoas, tem foco no turismo e é uma das marcas históricas na cidade dos EUA
Jair e Gustavo
Sim, pode ser que o comprimento padrão de uma composição de VLT não seja adequada, mas daí um VLT ser mais perigoso… Hoje existem sistemas anti-escorregamento para aceleração e frenagem, consta que serão implantados no Metro de SP. Mais pesado depende do tamanho/capacidade de passageiros; não tenho a informação. Infelizmente não tive o grande prazer de andar nem no Santa Teresa (mas vi de perto) nem no São Francisco, mas achei legal a comparação, pela rota com rampas importantes e apelo turístico comuns.
Conversando hoje com um amigo engenheiro aposentado da RFFSA, ele discordou de meu ponto; alegou que a importância histórica e tradição justificam manter os centenários bondinhos e a manutenção específica e artesanal. Lembramos do bonde do centro de Santos, outro exemplo; mas parece que trafega só no plano (não sei ao certo).
Me parece razoável que VLT seja usado para o “serviço pesado” da semana e o bondinho nos fins de semana (consta que já havia VLTs em serviço regular). Inclusive devido ao acidente ter ocorrido durante a semana, com o bondinho acima da lotação máxima.
Amigos, boa noite
Manutenção é algo exato, ou se faz, ou se faz; sem contar a fadiga de material ou vida útil do mesmo.
Agora, o fator mais relevante, é o custo da manutenção correta; o qual se diminuir a receita, com certeza a manutenção será deixada pra amanhã.
Afinal, tudo é passageiro.
Muito obrigado
Paulo Gil
Boa noite.
Obrigado pelas informações e conhecimento.
Interessante sua assertiva Luiz:
VLT durante a semana e Bondinho nos finais. Talvez uma alternativa prática e positiva.
Ainda vou andar nos bondinhos de São Francisco !
Abçs.
Amigos boa noite
O VLT pode ser construido de acordo com as caracteristicas do bairro, tudo é questão de adaptação, não existe esta de pesado ou leve, o que existe é que com boa vontade dá para servir a população de forma adequada. Eu colocaria dois ou tres bondes rodando junto com o VLT.
Abs
Marcos Galesi
Galesi, bom dia
Totalmente de acordo com seu comentário.
Você falou tudo.
“Boa vontade”; é o que falta no Buzão e no Brasil, pois só pen$am no bol$o.
“Tudo que tem de ser feito merece ser bem feito”
E para que esta máxima seja cumprida, “boa vontade é imprescindível”.
Grato
Paulo Gil
É isto, Galesi.
Estava esquecendo deste detalhe importante dos VLT modernos, em particular para um local com forte apelo histórico e turístico como Santa Teresa. O meu amigo da RFFSA inclusive comentou “…se quiserem podem fazer um bonde (ele acha afetado o termo VLT) com mecânica e sinalização moderna, mas com carcaça do bonde antigo, respeitando o estilo…”
Gosto da sua idéia porque muitos turistas vão esperar mais um pouco para andar nos bondinhos. Coisa que pretendo fazer na 1a oportunidade de ir ao Rio!
A única coisa que não pode acontecer é o bondinho acabar.
amigos,
O bonde de São Francisco é movido a cabo, preso em sua parte inferior, provocando o acionamento e parada, sistema que permite atuar em ladeiras de qualquer inclinação.
abraços
Boa tarde.
Obrigado a todos pelo conhecimento.
ABÇS !
Amigos,
ESSA É DEMAIS
Ví no UOL de hoje (19-09)que a Secretaria dos Transportes do Rio de Janeiro irá mandar uma comissão buscar conhecimento técnico em Portugal para fazer a reforma e a manutenção dos bondinhos de Santa Teresa, como se não tivessemos no Brasil Engenheiros e Técnicos com conhecimento suficiente para efetuar o serviço. (lá vai nosso dinheiro)
Na época do Governo Brizzola, o Secretário do Rio de Janeiro era o Sr.Baraldi, e acontecia o mesmo problema com os bondinhos, todos parados por falta de manutenção.
Naquela ócasião, uma associação com o nome de “APMTC” Ass.Preservação da Memória dos Transportes Coletivos, fundada pelo Ayrton Camargo e Silva, Dr. Waldemar Correa Still, da qual eu também participava, foi ao Rio de Janeiro e juntamente com a Associação de Moradores do Morro, participar de uma Reunião na Cia. Transporte Coletivo do Estado do Rio.
Resultado: A Rede Ferroviária Federal reformou os Bondes em Troca da reforma das viaturas da RFF.
A manutenção foi tão boa que durou até recentemente e o custo foi mínimo.
Pena que a APMTC não esteja mais atuante, assim como a RFF e a CTC-RJ, assim como nosso amigo Dr.Waldemar
Mas o Ayrton é colunista deste Blog e poderá algum dia contar melhor esta historia.
Jair
Realmente, é difícil ver justificativa para absorver know how português in loco.
No mínimo dois fornecedores especialistas em VLTs e players mundiais estão estabelecidos no Brasil. Eles são os mais credenciados para atualização e manutenção do sistema. Particularmente manutenção, que precisa ser sistemática, períódica, preditiva e preventiva, para minimizar a corretiva.
Não há motivo, muito menos espaço, para improvisações.
Faço coro à proposta de modernizar as partes elétrica e mecânica com as inovações tecnológicas, as quais trazem benefícios inegáveis, mantendo-se o aspecto tradicional da carroçaria. Isso já foi feito, por exemplo, por diversas empresas, como a Viação Cometa, que por vários anos manteve o mesmo modelo de carroçaria, apesar dos ônibus serem modernos na mecânica. Outro exemplo é o nosso porta-aviões: O casco é antigo, mas a tecnologia embarcada é moderna.