ÔNIBUS É O TRANSPORTE MAIS USADO PELOS BRASILEIROS E SE MELHORADO PODE RESOLVER BOA PARTE DOS PROBLEMAS DAS CIDADES

ônibus em congestionamento

Falta de prioridade ao transporte público é um dos principais motivos que impedem a migração de pessoas dos meios individuais de deslocamento. Os ônibus, mesmo transportando cerca de 40 vezes mais que os carros e ocupando um espaço apenas três vezes maior não recebem nenhum tipo de prioridade no espaço urbano. As cidades cresceram e o sistema viário não acompanhou. Mais carros nas ruas significaria menor mobilidade, por isso que investir nos transportes públicos seria a solução para que as cidades não continuassem perdendo muito dinheiro e qualidade de vida por conta dos congestionamentos. Não seria possível mais alargar ou criar uma via nova para cada crescimento expresso do número de vendas de carros. Foto: Adamo Bazani

Mais da metade dos brasileiros usa ônibus para se locomover
Se o sistema de transportes fosse priorizado, oferecendo mais conforto, uma quantidade maior de pessoas deixaria o carro em casa. Metade dos brasileiros acredita que os transportes vão melhorar

ADAMO BAZANI – CBN

Por mais que o crescimento do número de veículos particulares preocupe, e com razão, já que o trânsito nas cidades traz prejuízos econômicos e à qualidade de vida da população, a maioria dos brasileiros usa ônibus para se deslocar nas cidades.
Pesquisa divulgada no dia 17 de agosto de 2011 pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) em parceria com o Ibope, revela que 61% dos brasileiros utilizam transportes coletivos para suas viagens cotidianas.
Do total de todos os entrevistados, a maior parte conta com ônibus para o seu dia a dia. São 34% das pessoas.
Em segundo lugar, o principal meio de deslocamento nas cidades é a caminhada, com 24% dos entrevistados.
O carro da família só é responsável por 16% das locomoções das viagens.
O curioso, no entanto, é que o carro de passeio ocupa cerca de 70% do espaço urbano para transportar e minoria das pessoas.
Esta pesquisa inédita confirma o que os especialistas em transportes e trânsito e a população há muito tempo vêm esperando: os transportes coletivos, em especial o ônibus, não têm recebido o espaço e a atenção que precisam para atender a maioria da população. É uma questão de lógica econômica e preferência à maioria, conforme prevê a democracia.
Ocorre que o espaço urbano não é dividido de maneira justa. Pessoas que ocupam cinco metros de via com um carro recebem mais atenção que 80 ou 100 pessoas que se deslocam dentro de um ônibus de 13 metros de comprimento. É muito desproporcional o atendimento ao cidadão nas vias da cidade.
E o número de pessoas que utilizam o transporte público poderia ser maior ainda e as ruas e avenidas poderiam ficar mais livres se os meios de massa fossem mais confortáveis e rápidos.
Entre os que usam carros de passeio, a maioria alegou que se interessaria sim por deixar o veículo de passeio em casa. Mas há alguns obstáculos para isso.
Nas cidades com menos de 100 mil habitantes, 44% disseram que não usam transporte coletivo pela falta de linhas e horários de acordo com suas necessidades.
Já nas cidades maiores os problemas são outros para a não utilização dos meios de transporte de massa: 19% dizem que não usam pela falta de conforto, 16% pelo longo tempo de deslocamento e outros 16% pelo alto custo.
Como grande parte dos brasileiros usa o ônibus, é investindo na priorização do sistema de ônibus e na sua modernização que está a solução para os deslocamentos cada vez mais difíceis nas cidades. De acordo com a pesquisa, 32% dos moradores de cidades com mais de 100 mil pessoas demoram mais de uma hora para se deslocarem de casa para o trabalho ou escola.
O metrô e os trens pesados são apontados como soluções em grandes demandas e linhas troncais (principais).
Para linhas também de alta freqüência e que se integram com o metrô e o trem, o ônibus é considerado por uma grande parte dos especialistas como o modal mais adequado.
E para deixarem o ônibus mais atrativo, confortável e rápido, os corredores exclusivos são fundamentais.
Com o custo de implantação até 5 vezes menor que de outros modais como VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) ou monotrilhos, que também exigem obras mais complexas e de maior tempo de implantação (e o brasileiro precisa de urgência), os corredores de ônibus têm capacidade de atendimento semelhante a estes outros modais, com a vantagem de serem mais flexíveis, com ônibus saindo de um ponto do corredor e indo para os bairros, sem a necessidade de trafegar o corredor de ponta a ponta, distribuindo melhor a oferta de serviços locais., o que o VLT e o monotrilho teriam mais dificuldade.
Veja alguns exemplos com base nas respostas dos próprios entrevistados de soluções de problemas que hoje impedem mais brasileiros de se sentirem atraídos pelo transporte público:
– FALTA DE CONFORTO: Em corredores, pelo pavimento ser de melhor qualidade, os ônibus podem ser mais modernos, com equipam,entos de tecnologia e acessibilidade, como piso baixo ou embarque no nível da plataforma. Além disso, pelo ônibus não enfrentar o trânsito, pode oferecer mais viagens de maneira mais rápida, o que resulta em capacidade de atendimento maior e menos lotação
– LONGO TEMPO DE DESLOCAMENTO: É uma questão lógica. E o ônibus não divide espaço com outros veículos, por levar mais pessoas e ter esse direito, ele não vai ficar preso em congestionamento e o tempo de deslocamento será menor. Um dos exemplos de corredores de ônibus bem sucedidos no País, é o Corredor ABD (entre São Mateus, na zona Leste de São Paulo e Jabaquara, na zona Sul, passando pelos municípios de Santo André, Mauá, São Bernardo do Campo e Diadema), operado pela Metra. Na manhã deste dia 18 de agosto, demoramos 07 minutos para nos deslocarmos da Parada do Bairro Paraíso, em Santo André, até o Paço Municipal de São Bernardo do Campo, um trecho de cerca de 4 quilômetros. De carro, no dia anterior, este tempo de deslocamento foi de 18 minutos, por causa do excesso de veículos.
– ALTO CUSTO: O trânsito deixa as tarifas de ônibus caras. Afinal, são mais veículos para fazer menos viagens e gastos a toa de combustível, peças e horas trabalhadas de funcionários parados no trânsito. Um corredor de ônibus pode fazer com que com o tempo, as tarifas sofram reajustes menores. Isso porque, é de acordo com estes gastos que se compõe o valor das passagens. Em Curitiba, pelo fato de o transporte público ser priorizado em corredores de ônibus, é possível viajar por mais de 10 cidades pagando R$ 2,50 pelo tempo que for necessário.
Criado no Brasil em 1974, o modelo de corredor de ônibus que é usado para a melhoria da qualidade de vida em diversos países é o BRT. O Buis Rapid Transit dá total separação do ônibus dos demais veículos e possibilita embarque acessível com a plataforma no mesmo nível do assoalho do ônibus, pagamento da passagem antes da entrada no veículo, o que reduz o tempo de parada, pontos de ultrapassagem nas paradas para evitar filas de ônibus e, por ser um espaço exclusivo e bem planejado, é possível usar ônibus mais modernos e confortáveis e maiores, como articulados e biartuculados que variam entre 18 metros e 28 metros de comprimento.
O meio ambiente também ganha, com menos carros nas ruas, com os ônibus indo numa velocidade maior, emitindo assim menos poluentes. Como o corredor tem um pavimento melhor e que danifica menos o ônibus, é possível usar veículos mais caros e tecnológicos, ambientalmente amigáveis, como a Metra tem feito no Corredor ABD, que recebe trólebus (ônibus totalmente elétricos), elétricos – híbridos, a etanol, a hidrogênio e o mais recente desenvolvimento, que é a conversão de ônibus diesel para trólebus, eliminando um ônibus poluente colocando no lugar um totalmente limpo, mas aproveitando o mesmo chassi e a mesma carroceria.
Soluções para o trânsito e os transportes existem e não são tão complicadas de serem adotadas.
Por isso que o brasileiro é otimista. A pesquisa revela que 49% dos entrevistados revelam que acreditam na melhoria dos transportes públicos nos próximos 03 anos.
A CNI e o Ibope ouviram 2002 pessoas, em 141 municípios brasileiros entre os dias 20 e 23 de março deste ano.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.

Comentários

Comentários

  1. Gustavo Cunha disse:

    Boa noite.

    A simplicidade das soluções estão ESCANCARADAS à nossa vista. O poder público pode, cobrar e auxiliar os operadores privados, com planejamento e implementação de melhorias, no transporte por ônibus, CHAMANDO O PASSAGEIRO, PUXANDO-O PELA ORELHA;
    implementando ações no sentido de diminuir o uso do automóvel, melhorando a velocidade e tempo de viagem, para o usuário de ônibus.

    Isto não resolve tudo, MAS, é um começo. DA MESMA FORMA, paralelamente, PRECISAMOS INVESTIR E MELHORAR os trens, o metrô e, outros modais que, venham para contribuir.

    Melhorar, DE VERDADE, algo que já existe, é um bom começo. ECONOMIZA E AJUDA.

    É minha simples opinião.

  2. Exatamente amigo Gustavo, foi esse um dos intuitos de nossa reportagem. Mostrar que todos os modais são importantes e necessários para mudanças definitivas. Mas foi o que você falou, não adianta nada pensarmos muito alto agora, se não começarmos a melhorar o que já temos, a curto prazo, enquanto paralelamente pensamos em soluções mais abrangentes.]
    E outra, as redes de metrô e trens precisam se expandir, mas o ônibus sempre terá sua importância em linhas alimentadoras, sistemas de corredores de maior capacidade e em locais que por causa do orçamento limitado e das condições topográficas difíceis não conseguem receber os trilhos.

  3. jair disse:

    Caros amigos
    Embora importantissimo, pois, é o onibus o transporte básico das cidades, vejam só:
    No Estadão de hoje, na pg. 2 do caderno Metropole, li informação assinada por Felipe frazão, que a reformulação do sistema de transporte em São Paulo somente ocorrerá após a licitação do atual contrato que vencerá em JULHO DE 2013.
    Trocando em miudos – NADA SERÁ FEITO DE IMPORTANTE ATÉ LÁ. PODE?????????
    A quem interessa o RIGOR no cumprimento do Contrato???????
    E este RIGOR so tem um lado (veja consorcio 4, trolebus, corredores, etc, etc…)
    Onde está a capcidade de Gestão da Coisa Pública????

  4. Paulo Gil disse:

    Amigos, boa noite

    Ainda vou ler esta matéria, mas para começar, vale informar o linl abaixo.

    Jornal Metro de 18.08.11

    “24% gastam mais de uma hora para ir ao trabalho, diz pesquisa”

    http://metropoint.metro.lu/20110818_MetroSaoPaulo.pdf

    Muito obrigado
    Paulo Gil

  5. Paulo Gil disse:

    Amigos, boa noite.

    Entendo que 99% dos passageiros odeiam o ônibus eles utilizam é por falta de opçao mesmo.

    Mesmo eu sendo apaixonado por ônibus ando por obrigação, pois é horrível e já entrei
    em alguma “frias enormes”, algumas já relatei aqui no post Vá de Galinha.

    Ressalto que muita coisa que tem de ser feita, não é melhoria não, É TRABALHO, melhoria é consequência; por exemplo colocar as catracas dos Mondegos para tras do carro.

    Eu já dei esta sugestão; agora eu pergunto: Alguém fez?

    É bem capaz de colocarem uma catarca “xistonizada mega hiper blaster” e colocarem esta
    preciosidade tecnológica no mesmo lugar.

    Os antigos já diziam: “Quem não usa a cabeça o corpo padece”

    Outro dia estive pensando e chegeui a uma conclusão óbvia, só tambpem não enchega quem não quer.

    Ônibus de DEGRÁU ALTO (piso baixo) é puro absurdo, o certo é plataforma alto, tanto que
    se eu não esteja enganado em Curitiba a plataforma é alto eem Goiânia também.

    Poranto tá provado, que o precisamos é TRABALHAR e a melhor aé consequència lógica.

    Mas como ainda não temos a FAZEDORIA, ainda vamos penar muito.

    Ahhhhhh e mais uma questão para reflexão aqui no Blog.

    Falando-se que o Buzão tem de ser prioritário, gostaria que um voluntário me respondesse a seguinte dúvida minha:

    Por que a linha 7181-10 da SPTrans e outras, ao sairem da Av. Cidade Jardim fazem um “zig zag” antes de seguir pela Av. Europa?

    Por que não passam pelo túnel ou seguem reto?

    Será que priorizam os carros, porque o passageiro não é não beneficia ninguém.

    Façam o teste e me corrijam se eu estiver errado.

    Aguardo ansiosamente uma resposta técnica ou não.

    Mas é isso ai, se pode complcar pra que facilitar.

    Muito obrigado
    Paulo Gil

    1. Luiz Vilela disse:

      Paulo Gil
      Não sou busólogo como os caros colegas, mas gosto de ônibus.
      Das suas ponderações, me pega forte piso baixo+degraus altos, sem usar plataforma. Fica impossível ter agilidade no embarque/desembarque e distribuir bem os passageiros durante a viagem.
      Fica difícil negar qu os ônibus modernos estão bem melhores por fora, mas por dentro ainda são arcaicos e ineficientes.
      Mesmo não sendo busólogo, sou eng. mecânico e sei que ônibus com motor sob o piso com piso interno alto e no nível das portas teria brutal diferença no aproveitamento interno/embarque/desembarque.

      1. Paulo Gil disse:

        Luiz Vilela, boa noite.

        Falou e disse.

        O duro não é converter buzão diesel em tróleubus o duro ( se é que é possível ) é converter/convencer os Cabeças Jurássicas.

        Eles querem fazer diferente do sistema que fez o Sr. Jaime Lener, pode??

        Nem fazendo Pós Doutorado na FAFUPE – Faculdade de Funilaria e Pintura.

        Grato
        Paulo Gil

  6. jair disse:

    Amigos
    Desenvolvendo o raciocinio sobre a excelente matéria acima, percebemos que é possivel aumentar a vida útil dos onibus quando usados exclusivamente em corredores segregados, no caso, possibilitando a Metra prolongar a vida de um veículo disel transformando-o em trolebus, mas também poderia mante-lo em operação em sua forma original por mais tempo.
    Assim, o custo também será menor, diminuindo o valor da tarifa.

  7. Felipe Alves disse:

    Esse problema ocorre pela falta de menos investimentos no transporte publico. A atual gestão do Kassab tem investido menos em transporte publico e o preço da passagem R$ 3, que é caro e ainda tem o sinismo de dizer que o preço é o mais barato do Brasil. SP tem o potencial de ter o melhor transporte do Brasil. Para melhorar a qualidade do transporte publico é investir em corredor de ônibus, construindo novos e reformando os antigos,principalmente na ZL que não possui corredores de ônibus.

  8. Felipe Alves disse:

    Esse problema ocorre pela falta de menos investimentos no transporte publico. A atual gestão do Kassab tem investido menos em transporte publico e o preço da passagem R$ 3, que é caro e ainda tem o sinismo de dizer que o preço é o mais barato do Brasil. SP tem o potencial de ter o melhor transporte do Brasil. Para melhorar a qualidade do transporte publico é investir em corredor de ônibus, construindo novos e reformando os antigos,principalmente no extremo da ZL que não possui corredores de ônibus.

  9. jair disse:

    Amigos
    Em São Paulo o corredor de trolebus da av Rio Branco – Terminal casa Verde, quando inaugurado, tinha plataforma alta para acesso pela esquerda dos onibus. Não sei se ainda mantem as plataformas altas.

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