CORREDORES DDE ÔNIBUS COMO ALTERNATIVAS PARA TARIFAS MAIS BAIXAS

ônibus em corredor

Sistema operado pela Metra, entre as zonas Leste e Sul de São Paulo, é considerado modelo no estado. Implantado em 1988, corredor ainda mostra que é uma das soluções mais práticas e dentro da realidade econômica dos municípios. Corredores de ônibus minimizam a poluição, ajudam na democratização do espaço público, pois um veículo de 13 metros leva 100 pessoas enquanto um de 5 metros leva só duas, aumentam a velocidade do transporte coletivo e diminuem os custos de operação, beneficiando classes de média e de baixa renda, sendo também um dos indutores de justiça econômica-social. Foto: Adamo Bazani

Aumento de passagem de ônibus: Só corredor salva
Sindicato que representa empresas de ônibus de Ribeirão Preto diz que se os veículos tivessem prioridade, os custos seriam menores, o que refletiria nas tarifas

ADAMO BAZANI – CBN

A prioridade aos transportes públicos não é só uma questão fechada de mobilidade. Mas de qualidade de vida, redução dos impactos da poluição sobre o meio ambiente, ganho de tempo e de muito dinheiro.
O primeiro ganho financeiro se refere ao fato de evitar que bilhões de reais (bilhões mesmo) sejam desperdiçados enquanto carros, ônibus e trabalhadores estão presos no trânsito. É dinheiro gasto diretamente, com ruas e avenidas sendo desgastadas, maior necessidade de atuação de mais agentes de trânsito, investimentos para sinalização, para evitar acidentes ou remediá-los e muita quantidade de combustível gasta inutilmente com os veículos parados.
Quando se prioriza o transporte público no espaço urbano, no caso os ônibus, já que os modais sobre trilhos já são segmentos, cria-se na verdade uma democratização deste espaço. Um veículo que atende mais passageiros, podendo transportar de 80 a 100 pessoas num espaço médio de 13 metros, merece mais atenção e velocidade que um veículo que leva em média duas pessoas ocupando 5 metros de comprimento.
Além disso, a implantação de corredores de ônibus, seria não só uma justiça na questão do uso do espaço urbano, mas também no aspecto social.
Boa parte de quem usa ônibus não tem condições de possuir um carro de passeio ou outra forma de deslocamento.
Assim, fica obrigado a fazer uso do ônibus.
Mas estas pessoas, de baixa renda acabam proporcionalmente pagando mais caro para se deslocar do que em comparação ao dono do carro.
Isso porque, a falta de prioridade aos transportes públicos reflete em custos maiores para os operadores. Tais custos são repassados para as tarifas de ônibus.
Em resumo, a pessoa que proporcionalmente ocupa menos espaço nas cidades, polui menos (pois divide um mesmo veículo com outras dezenas) e que possui menor renda, ironicamente é a que paga mais para se deslocar.
A discussão deve ser sempre lembrada e em caso de aumento de tarifas de ônibus, a necessidade de corredores especiais é discutida.
É o que tem ocorrido em Ribeirão Preto, no Interior de São Paulo.
O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Ribeirão Preto, Luiz Gustavo Vianna, calculou que em vias convencionais por quilômetro um ônibus pode gastar 2,75 litros. Em um corredor simples, este gasto cairia para 2 quilômetros por litro.
Segundo ele, a diferença pode parecer pouca, mas multiplicada por centenas de ônibus e milhares de viagens diárias pode resultar em muito dinheiro.
A questão tarifária ganhou destaque em Ribeirão Preto depois do pedido das empresas de ônibus para reajuste de tarifas em torno de 15%. Pelo percentual, as tarifas comuns que hoje são de R$ 2,40 passariam para R$ 2,76 e a integrada que hoje é de R$ 2,60 seria de R$ 3,00.
Com redução de custos, corredores de ônibus permitiriam uma tarifa menor ou mais integrações.
Foram citados dois exemplos de corredores de ônibus bem sucedidos: os de Curitiba, no Paraná, e o Corredor ABD, operado pela Metra, entre São Mateus (zona Leste de São Paulo) e Jabaquara (zona Sul da Capital Paulista) passando pelas cidades de Santo André, Mauá (Terminal Sônia Maria), São Bernardo do Campo e Diadema. O serviço também conta com uma ligação entre a cidade de Diadema (ABC Paulista) e a estação Berrini da CPTM – Companhia de Trens Metropolitanos, na zona Sul de São Paulo.
Em Curitiba, por R$ 2,50, é possível fazer viagens por mais de 10 municípios servidos pela RIT – Rede Integrada de Transportes. Pelo Corredor ABD, é possível por R$ 2,90 fazer várias integrações no sistema.
Corredores de ônibus permitem maior velocidade dos ônibus e por não ficarem presos no trânsito, uma quantidade menor de veículos consegue fazer mais viagens , o que contribui para maior confiabilidade do serviço, maior viabilidade econômica e menores índices de poluição.
Sendo assim, exemplos bem sucedidos existem. Bastam investimentos em transportes públicos e, no caso de corredores de ônibus, investimentos dentro da realidade econômica de qualquer município.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.

Comentários

Comentários

  1. gabriel disse:

    realmente é possível isso, mas o sr. sabe q o corredor oeste está começando a ser construído.

  2. jair disse:

    Entendo correto o conteúdo da matéria acima, porém, por desconhecer, fiquei com uma dúvida:
    O valor acima citado de R$.2,90 no corredor ABD é para tarifa com integração para mais de um percurso ou é a tarifa de uso em um só destino??????
    No caso achei muito próxima a tarifa de R$.3,00 cobrada em São Paulo, com integrações.
    Gostaria de saber o motivo.
    obrigado

  3. Gustavo Cunha disse:

    Boa tarde.
    Como em outras oportunidades, ressalto novamente, a necessidade de, fazermos mais com menos, de olharmos para a realidade econômica das cidades e aí sim, verificar o que é possível ser feito e fazê-lo.
    Metrô é bom ? É ÓTIMO ! Trem também ! Mas, caso não seja possível, hoje, façamos o que é possível e nos planejemos para realizar o restante.

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