PASSAGEIROS CRITICAM AUMENTOS ANTE A QUALIDADE DOS SERVIÇOS

ônibus do ABC Paulista

Passageiros reclamam dos aumentos não só pelo alto valor das tarifas que consome fatias cada vez maiores principalmente da camada com menor renda. Os usuários criticam a baixa qualidade das operações das empresas de ônibus e não acreditam que os serviços valiam esse aumento. Foto: Adamo Bazani


Ônibus do ABC Paulista

As tarifas das 13 linhas do Corredor Metropolitano ABD, operado pela Metra, aumentam de R$ 2,65 para R$ 2,90. Os valores são mais baixos que muitas linhas de ônibus intermunicipais com trajeto mais curtos e que diferentemente do corredor não permitem integrações. Foto: Adamo Bazani.

Valor dos ônibus impulsiona aumento das tarifas intermunicipais de São Paulo
Preço médio dos veículos subiu 12,5% no ano passado e salários foram os itens que mais subiram dos componentes levados em conta para o cálculo do aumento das passagens gerenciadas pela EMTU

ADAMO BAZANI – CBN

Neste domingo, dia 13 de fevereiro, todas as tarifas de ônibus das 816 linhas intermunicipais gerenciadas pela EMTU, nas três regiões metropolitanas de São Paulo, registram elevação de valor.
De acordo com a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos, a média de aumentos varia em cada região.
O reajuste das linhas comuns é de 7,66% na Grande São Paulo, de 6,94% na Região Metropolitana da Baixada Santista e de 6,23% na Região Metropolitana de Campinas, no Interior de São Paulo.
A composição dos reajustes leva em conta a quilometragem, o tipo de serviço e os custos para a operação. Ainda segundo a EMTU, o preço dos veículos no ano passado subiu 12,5%, e o custo da mão de obra teve um crescimento de 6,7%, sendo os itens que mais contribuíram para a elevação das passagens.
O bom momento da indústria de ônibus em 2010 e os repasses de aumentos que foram represados em 2009, ano de incertezas para a economia mundial, podem explicar parte desta elevação no valor dos veículos. Foram mais de 32 mil unidades e o mercado promete continuar aquecido com renovação prevista de frota, eleições municipais, licitações urbanas e de linhas rodoviárias, além do preparativo para novos e mais complexos sistemas a fim de servirem a demanda maior gerada por eventos esportivos mundiais, como a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
Ainda segundo a EMTU, o preço dos veículos e a mão de obra são os itens que independentemente de aumento, são os que mais pesam no orçamento das empresas de ônibus.
Os custos são majoritariamente compostos por mão de obra, que corresponde a 43%, 24% para veículos e peças, 20% de combustíveis e 13% são formandos por outros itens.
Se os salários pesam nas passagens para os empresários, para os trabalhadores, a proporção dos custos com transporte urbano pode ultrapassar 20% do salário. Quanto menor a renda do trabalhador, mais alto será o impacto dos aumentos das tarifas. Isso porque, as passagens não são proporcionais aos salários sendo valores fixos independentemente da renda ou classe social do passageiro.
Acompanhe os aumentos por região:

REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

Área 1 –
Municípios serviços: Cotia, Embu-Guaçu, Itapecirica da Serra, Juquitiba, São Lourenço, da Serra, Vargem Grande Paulista e Capital
Valores: o menor valor será de R$ 1,95 e o maior de R$ 5,05

Área 2 –
Municípios Servidos: Barueri, Cajamar, Caieiras, Carapicuíba, Franco da Rocha, Francisco Morato, Itapevi, Jandira, Osasco, Pirapora do Bom Jesus, e Santana do Parnaíba.
Valores: o menor será de R$ 2, 10 e o maior valor passa a ser de R$ 5,00

Área 3 –
Municípios Servidos: Guarulhos, Mairiporã, Arujá, Santa Isabel e Capital Paulista.
Valores: A menor tarifa passa para R$ 2,10 e o maior para R$ 5,00

Área 4 –
Municípios Servidos: Mogi das Cruzes, Biritiba Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Itaquaquecetuba, Suzano, Poá, Salesópolis e Capital.
Valores: R$ 2,10 o menor e R$ 4,95 o maior.

Área 5 (Não licitada e operando em caráter precário) –
Municípios Servidos: Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pire , Rio Grande da Serra e Capital
Valores: Menor tarifa, no dia 13 de fevereiro passa para R$ 1,95 e maior valor de passagem vai para R$ 4,85

Estes valores divulgados pela EMTU levam em conta as linhas comuns. As seletivas também serão reajustadas e algumas ultrapassam o valor de R$ 6,00.

CORREDOR ABD – Trólebus e ônibus da Metra
As 13 linhas que operam o Corredor Metropolitano ABD, ligando São Mateus, na Zona Leste de São Paulo, a Jabaquara, na Zona Sul da Capital Paulista, pelos municípios de Santo André, Mauá, São Bernardo do Campo e Diadema, além do trecho entre Diadema e Luis Carlos Berrini, na zona Sul de São Paulo, têm tarifas reajustadas de R$ 2,65 para R$ 2,90. Vale lembrar que as linhas são maiores que muitas ligações intermunicipais com valores bem superiores, a qualidade do serviço é considerada melhor e há possibilidade de integração entre as linhas, inexistentes em vários serviços intermunicipais. Apesar de operarem no ABC Paulista, as linhas da Metra não pertencem à Área 5, considerada por várias pesquisas do setor, a Pior do Estado de São Paulo, e a única da Região Metropolitana de São Paulo que não foi licitada e opera com contratos precários, mesmo com as reiteradas tentativas da EMTU sempre boicotadas pelos empresários do ABC que dizem que os custos da região são maiores que das demais áreas que registraram melhorias nos serviços depois da reorganização.

AIRPORT SERVICE:

O serviço de ônibus executivo que liga o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, à Capital Paulista, em diversas linhas, apresenta reajuste de 6,5% passando de R$ 31,00 para R$ 33,00.
A opção mais em conta para ir de São Paulo a Guarulhos pelo Airport Service é o ônibus urbano entre a Estação do Metrô Tatuapé até o Aeroporto que, com aumento de 6,06% passa de R$ 3,80 para R$ 4,05, o que deve dificultar o troco para funcionários e passageiros.

REGIÃO METROPOILITANA DA BAIXADA SANTISTA:

No Litoral de São Paulo, o valor da tarifa mais baixa passa a ser de R$ 2,20 e da mais alta, de R$ 8,00. A região da Baixada Santista, dominada pela Viação Piracicabana, do Grupo Comporte, da família de Nenê Constantino, é alvo de críticas dos passageiros. Atrasos, linhas inadequadas para a realidade atual das necessidades de deslocamentos e a qualidade dos veículos, convencionais que rodam com motores de micrão, são as principais queixas. No dia 1º de fevereiro de 2011, a EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos, tentou, por meio de licitação reorganizar os transportes intermunicipais da região, inclusive com a instalação de um Veículo Leve sobre Trilhos entre São Vicente e Santos. Mas a exemplo do ABC Paulista, a reorganização dos transportes do Litoral foi boicotada pelos empresário de ônibus. A sessão para a apresentação da licitação também foi dada como deserta.

REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS:

A área passa a ter como menor valor de tarifa R$ 2,65 e o maior valor passa a ser de R$ 6,00.

As três regiões metropolitanas, gerenciadas pela EMTU, de acordo com a empresa de economia mista, do Estado de São Paulo, reúne 816 linhas, responsáveis pelo descolamento de 660 milhões de passageiros por ano, com base no ano de 2010, entre serviços seletivos e comuns. Deste total, 544 milhões de pessoas foram transportas na Região Metropolitana de São Paulo, 62 milhões na Região Metropolitana da Baixada Santista e 54 milhões na Região Metropolitana de Campinas.

ATÉ JORNAL DE EMPRESÁRIO DE ÔNIBUS MOSTRA CRÍTICAS:

A insatisfação dos passageiros em relação ao aumento do valor das tarifas é tão evidente frente a má qualidade dos serviços que nem o Diário do Grande ABC, mesmo sendo jornal de um empresário de ônibus, Ronan Maria Pinto, escondeu a realidade.
Na reportagem de 10 de fevereiro, não faltam críticas principalmente às linhas do parente e sócio de Ronan, Baltazar José de Sousa.

http://www.dgabc.com.br/News/5865327/usuarios-reclamam-de-aumento-e-dos-onibus.aspx

Baltazar, na ocasião do aumento das tarifas das linhas municipais do ABC, que variam entre R$ 2,30 e R$ 2,90 disse que o valor de R$ 3,00 ainda seria baixo, mesmo as linhas sendo curtas.
Em relação às intermunicipais do ABC, segundo a EMTU, a não licitação da Área 5 impede melhorias nos transportes entre as sete cidades, a Capital Paulista e outras próximas, como Mogi das Cruzes e Suzano.

Adamo Bazani, jornalista.

Comentários

Comentários

  1. Italo Silva disse:

    Olá Adamo! Pois é, vendo esse comentário no final, sem a licitação da área 5, fiquei imaginando uma coisa: tenho amigos e parentes nas cidades de Mauá e Santo André. O meio ATUALMENTE mais “rápido” é o trem e mais um ônibus para chegar até eles. Ou mesmo, utilizando do que, até então, era não muito recebido pelos suzanenses, microonibus da Rigras. Essa que, de dois anos pra cá inseriu algumas carrocerias Foz para auxiliar na demanda que havia crescido. Mas, um ônibus direto pra essas duas cidades fariam uma grande diferença.
    Hoje, a área 4, onde a Júlio Simões atua e, em especial, falo de duas linhas que uso diariamente, a 038 e 144 – Metrô Armênia(30 minutos entre cada ônibus) e São Paulo Brás(1h entre cada ônibus)- , respectivamente.
    O que acontece é que, se parte um 038 e 144 ao mesmo tempo, o motorista do Armênia irá “travar” ao máximo, fazendo com que o SP Brás é que seja o carregador e desrespeite qualquer lógica de intervalo.
    A tarifa que será reajustada pode até não ser cara, mas, a frota sem a devida manutenção e limpeza, sem os padrões “Eroles T.T.”, é algo que não se vê na Júlio Simões. Andava-se em Caio Vitória 1996 no ano de 2003 na Eroles achando que era um Comil Svelto 2010! E com detalhe: com um banco muito mais macio ainda! Se houvesse o cumprimento à risca dos horários, mais responsabilidade dos motoristas e um zelo maior por parte da oficina pelos carros que, se não é alguns motoristas e cobradores que se importam com sua “ferramenta de trabalho”, a manutenção seria ainda pior. A vida útil de um carro na Júlio é de 5 anos, em outras empresas, com manutenção adequada e pequenas reformas são de até 10 e, como já vi, na Viação Radial, Caio Alpha com 12 anos de serviços em estado de novo.
    Por enquanto é só, Adamo, elogios a parte pelo blog, que é muito bom pelo segmento que tenho no sangue. Até mais.

  2. Italo Silva disse:

    Um comentário sobre o Diário do Grande ABC: Baltazar José de Sousa não se importou e só deu bola a premissa da “imprensa livre”, o que deveria reger a todos os jornalistas mesmo que algumas retaliações estejam próximas ou elas se façam reais.
    A liberdade também que Sousa demonstrou, ao mesmo tempo em não se importar com alguma retaliação também foi mostrar, por meio de seu veículo, que tal aumento era abusivo até mesmo em sua opinião.
    E que se trata de um aumento que há 5 anos não pára e justamente neste ano será além das taxas-base estabelecidas pela União e Estado. O que isso gerará, como vem gerado na cidade de São Paulo é difícil prever, mas, já há diversas pessoas reclamando das tarifas e aos patamares que estas chegarão no dia 13/02.

  3. Raphael disse:

    A empresa EAOSA é uma das piores, tem as passagens como as das mais caras, e os veículos, segue uma lista que registrei por vários meses de uso e pesquisa com usuários:

    Bancos soltos e deformados por excesso de uso
    Pneus carecas
    Balaustres soltos
    Piso emendado e com buraco (deve estar nivelado para evitar acidentes)
    Vedação do motor precário (excesso de ruído e calor no interior do veículo)
    Sinaleira não funciona
    Vidros sujos
    Partes enferrujadas e afiadas expostas

    Dentre outros tantos problemas, e a condução cada vez mais cara. Que pagássemos um real pelo uso das linhas, estamos pagando e é um direito nosso exigir investimentos.
    Aconselho que mandem uma reclamação para a EMTU, no link ouvidoria, para que melhoremos nossa situação.

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